Deixem a vossa marquinha *.*

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Capítulo 4 - «Nunca te esquecerei, estejas onde estiveres»


[Narrado por Jack]

Naquela madrugada quando o bote embateu no oceano sabia que me iria arrepender de a deixar para trás.Tentei convencer-me a mim mesmo do contrário e que o melhor era eu desaparecer da vida dela e deixá-la ser feliz. Se eu tivesse ficado iria acabar por magoá-la ainda mais do que magoei. Partir era o melhor que eu podia fazer. Antes de tudo beijei-a enquanto ela dormia profundamente e sussurei-lhe: "Nunca te esquecerei, estejas onde estiveres". Puxei as cordas do bote, sentei-me nele e parti.
Louco ou não, a verdade é que passei quatro dias em alto-mar sem nada no estômago. Ao fim do quarto dia avistei terra. Nunca acreditei em palavras como "esperança" ou "fé", mas a verdade é que ambas fizeram sentido no preciso momento em que os meus olhos avistaram terra. Não fazia a mínima ideia de onde estava, só sei que estava bem longe do Destiny, e que a Jane estava a salvo. Black Diamond estava morto e nada mais a perseguia. Ao tentar sair do bote o meu corpo perdeu as forças e caí para dentro de água, ficando com o cabelo coberto de areia. Estava tão fraco que nem me conseguia mexer. De entre areia e água nos meus ouvidos ainda consegui ouvir vozes e passos a caminharem na minha direcção.
- Um náufrago! - exclamou uma voz. - Mãe, ajude-me aqui! - era uma voz femina, uma voz doce mas ao mesmo tempo grave.
Olhei para a frente e vi uma face corada, uns cabelos cor de mel e uns olhos castanhos. As suas mãos agarraram-me na face e a rapariga disse: "Vai tudo correr bem!". Se ela disse mais alguma coisa, não sei, desmaiei devido à fraqueza.

Quando acordei sentia-me não melhor porque o meu estômago ânsiava por comida, mas estava num ambiente mais quente e acolhedor que o bote do Destiny. À minha volta, vi o quarto iluminado com velas e ao meu lado um balde com água e um pano. Não era apenas o calor da casa, mas sim o meu corpo ardia de febre. Comecei a ficar assustado porque não sabia onde estava nem quem eram as pessoas que cuidaram de mim.
A rapariga dos cabelos cor de mel entrou no quarto onde eu estava deitado. - Oh, já acordaste náufrago! - exclamou sorrindo.
Sentei-me melhor na cama para que a visse melhor. - Onde é que eu estou? - perguntei-lhe.
- Está numa ilha africana. - respondeu-me.
- África? - perguntei-lhe. - Eu estou em África?
- Ilha Seychelle para ser mais precisa. - esclareceu-me.
Jane era de África. Não sei de que ilha ou de que país, mas este continente pertencia-lhe.
A rapariga aproximou-se de mim e encostou a mão na minha cabeça para me medir a temperatura. - Estás um pouco melhor, mas precisas de repousar e de te alimentares. - Atrás da rapariga uma mulher trazia um tabuleiro com um banquete para mim. Desde pão a fruta, nunca tinha visto tanta comida junta na minha vida, quanto mais ser servido numa cama.
- Estou num palácio? - perguntei.
- Não, estás na minha casa. - respondeu-me. - A propósito, o meu nome é Sesha.
- Jack Nilton! - apresentei-me, ingerindo um pedaço de pão seguidamente.
Sesha deu ordem à mulher que saísse do quarto e sentou-se ao fundo da minha cama. - Agora vais precisar de comer pelos dias que não comeste.
- Eu agradeço muito Sesha! - agradeci-lhe.
- Dormiste durante um dia inteiro Jack Nilton. - contou-me. - Por momentos pensámos que não irias sobreviver, e com a febre que estavas, as minhas criadas pensaram que eras uma causa perdida.
- Assim que acabar o serviço irei agradecer-lhes pessoalmente. - respondi-lhe com um pouco de ironia.Ela sorriu-me. - Ilha Seychelle? - perguntei-lhe novamente.
- Exactamente! - respondeu-me.
- Numa vida inteira desejei conhecer esta ilha, e por surpresa aqui estou eu! - exclamei.
- Há uma coisa chamada Destino Jack, conheces? - perguntou-me destacando um pouco de atrevimento. - Durante o tempo que estiveste com febre mencionaste dezenas de vezes o nome "Jane". - ao ouvir o seu nome tirei o pão da boca e pousei-o no prato.Ela percebeu a minha reacção e a sua curiosidade aguçou mais - Um amor perdido? - perguntou-me curiosa.
- Um amor perdido. - concordei tentando não mostrar o quanto esse amor fora o mais importante da minha vida e que eu próprio o atraiçoei.
- O mar é um poço profundo Jack. - explicou-me. - Quando se cai não se consegue subir. - fez uma pausa e observou a minha expressão. - Mas os que ficam, têm de seguir o seu próprio rumo.
Percebi a intenção de Sesha. A sua imagem doce e feminina escondia a sua faceta atrevida, pela percepção que tive em cinco minutos.
- Não te preocupes Jack, aqui vais melhorar. - confortou-me.
- Estou numa ilha pirata! - disse-lhe. - Isso conforta-me?
- Aqui estás a salvo de piratas, se é esse o teu medo Jack! - garantiu-me. - Desde que a tripulação do Ancension desembarcou nesta ilha que as coisas mudaram por aqui. - contou. - Cada vez mais temos conseguido afastar esses cobardes e pobres de espírito daqui.
- É essa a percepção que tens deles? - perguntei-lhe.
- Desumanidade e traição são os termos que melhor os caracterizam! - exclamou segura no que afirmava. - O meu pai faz questão de lhes tratar da saúde.
- O teu pai é da marinha real? - questionei-lhe. Se eu me encontrava na casa de um oficial da marinha real era morte certa para mim.
- Sim, e aposto que quando recuperares poderás ingressar nas companhias dele. - informou-me levantando-se da cama.
- Isso seria muito bom... - exclamei irónico.
- Vou deixar-te descansar Jack. - disse-me. - Até amanhã.
- Até amanhã. - respondi-lhe. Era o plano perfeito. Mentir sobre a minha identidade era o que me poderia salvar a pele e assim que o conseguisse fugiria daqui e encontraria um novo rumo para a minha vida.

2 comentários:

  1. quem é que é essa Sesha. Ela que não se meta entre Jack e a Jane se não, aí aí xD
    está engraçado :b

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  2. Pipoca Machado, a Sesha salvou a vida de Jack, e ele agora está em dívida com ela. Além disso ele está determinado a encontrar um novo rumo para a sua vida.
    Obrigada por acompanhares e espero que estejas a gostar!:)

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