Deixem a vossa marquinha *.*

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Capítulo 24 - Black Diamond

- É impossível! - exclamou Lyeel.
Jack pegou na minha luneta e involuntariamente fez uma expressão surpreendida. - Jane, qual é o plano?
Antes que pudesse responder, um outro ataque atingiu o meu navio.
- Fogo! - ordenei eu apressadamente correndo para o meu camarote para buscar a minha espada e a minha pistola. Entrei pelo camarote a dentro, certifiquei-me que a pistola estava carregada, prendi a espada ao meu cinto e saí. O meu navio respondeu ao ataque, mas o navio inimigo não desistia. Eu teria que ter a certeza absoluta que se tratava de Black Diamond. O navio correspondia exactamente às inúmeras descrições que me tinham dito. O navio tinha um ar aterrador que me fez arrepios na espinha. Sentia o coração a saltar-me do peito e estava com um medo de morte. Por momentos deixei de ver tudo à minha volta e transportei-me para outro lugar. Vi a figura do meu pai a lutar com um monstro marinho em forma humana horrível. Nunca outrora tinha visto tal imagem aterradora.
- Jane cuidado! - gritou Lyeel derrubando-me para o chão, salvando-me de ser atingida por um tiro. Onde é que aquela cena me era familiar? Lembrei-me de Jack. Olhei em redor, mas este não estava por perto.
- Obrigada Lyeel. - agradeci rapidamente, levantando-me de seguida.
De repente o navio inimigo deixou de disparar. Era estranho. Eles não iriam desistir tão facilmente, se ainda nem sequer tinha havido uma luta.
- Desistiram? - perguntou Marcus.
- Não... - respondi-lhe eu. - Eles estão a preparar alguma.
- Podemos atacá-los agora. - afirmou o Sr. Thomas.
- Onde está o Jack? - perguntei eu desconfiada.
- Ele agora não importa Jane! - gritou o Sr. Thomas - Nós temos de ter um plano.
- Virem a estibordo. - ordenei - Isto vai apanhá-los de surpresa. Pensarão que desistimos, mas não, vamos atacá-los. - expliquei. - Temos de ser mais espertos que eles!
Lyeel obedeceu rapidamente à minha ordem e correu para junto do leme. Naquele momento eu queria encontrar Jack. Ter-se-ia acobardado e fugido do meu navio? Estaria no porão pronto para um novo ataque com os canhões?
O meu navio virou a estibordo. Ficámos lado a lado com o navio inimigo. Este mantinha-se silencioso. O que teria acontecido. Peguei numa das cordas do mastro, dei balanço para entrar no outro navio. Este era ainda mais tenebroso e arrepiante visto ao perto. Encontrei dois homens fortes e com um ar assustador. Preparavam-se para me atacar, por isso instintivamente dei um tiro a cada um. Um terceiro homem amarrou-me por trás e retirou-me a pistola. Gritei bastante alto, para que a minha tripulação me ouvisse. O homem com as duas mãos tapou-me a boca, o que me deu liberdade de com uma das minhas mãos pegar na espada e trespacei-lhe o coração.
- Jane! - gritou o Sr. Thomas do Destiny. - Precisamos de ti Jane.
Decidida a voltar para o Destiny, uma mão tocou no meu ombro e impediu-me de sair dali. Virei-me e o homem era alto, musculado e com um ar assustador.
- Nunca lhe ensinaram que é feio entrar na propriedade dos outros? - perguntou-me. Oh Céus o homem tinha um hálito horrível. Parecia que se alimentava de peixe podre, mas o seu hálito não era o meu problema naquele momento.
- Nunca fui muito de respeitar regras! - exclamei eu pisando-lhe o pé fugindo para o outro aldo do navio, mas ele correu mais rápido do que eu e agarrou-me novamente.
Quando dei por mim, vários membros da minha tripulação tinham sido resgatados. Aquele silêncio tinha explicado muita coisa. O Sr. Thomas estava ao meu lado, e estava ferido. Eu só rezava para que não o ferissem, nem a nenhum outro membro da minha tripulação.
De repente fez-se novamente silêncio no navio. Ouviam-se passos curtos e intensos de um homem que vinha do interior. O meu sangue estava a fervilhar dentro das minhas veias. O sol iluminou um rosto de um homem não muito novo, mas com uma aparência desgastada e horrenda.
- Quem é o comandante desta tripulação? - perguntou-nos.
- Eu sou! - respondi-lhe eu sem rodeios.
- Jane, por favor... - pediu-me o Sr. Thomas.
- És mulher... - disse o homem. - Uma mulher não sabe governar um bando de animais como estes.
- Pois penso que governo muito melhor que tu Black Diamond! - exclamei eu tentando pôr o meu medo de lado.
Ele aproximou-se de mim. - Soltem-na! - ordenou Black Diamod calmamente. - Eu preciso de vê-la melhor.
- Não me toque! - gritei-lhe eu.
- És uma rapariga corajosa Jane Deverport. - afirmou Black Diamod.
- Como é que sabe o meu nome? - perguntei-lhe.
- Eu sei muito sobre ti! - respondeu-me Black Diamond tocando na minha face com as suas mãos velhas e sujas. Sentia-me nojenta quando tocou em mim. - És parecida com o teu pai, Robert Deverport.
- Não se atreva a mencionar o nome do meu pai! - gritei-lhe com vontade de lhe dar um estalo, mas Black Diamond agarrou a minha mão, apertando-me o pulso. - Por sua causa o meu pai percorreu os sete mares para o destruir e acabou por morrer! - gritei eu tentando não ceder à dor que Black Diamond estava a fazer com o meu pulso.
- E agora estás aqui para acabar o que ele começou? - perguntou-me com um pouco de ironia. Eu olhava-lhe com um ódio indescritível nos olhos. - És demasiado bonita para seres pirata... - afirmou tocando-me com a outra mão no meu pescoço.
- Largue-me! - ordenei-lhe. Black Diamond olhou-me com um ar infernal, aqueles olhos negros metiam medo até ao diabo.
- Meus senhores, o Destiny é nosso! - exclamou Black Diamond. - A tripulação irá para as celas do navio. Precisamos destes cretinos para cavarem e carregarem o nosso ouro!
Black Diamond também estava à procura do tesouro de El Dourado. E isso poderia ser um trunfo a meu favor. Havendo ouro ou não, isso agora não era relevante mas, para já, ele não iria magoar a minha tripulação, pois precisava dela.
- Capitão, e a rapariga? - perguntou um dos seus homens.
- A rapariga fica comigo...no meu camarote! - respondeu Black Diamond.
- Eu prefiro ficar nas celas com o resto da tripulação. - respondi-lhe eu com arogância.
- Não Jane, ficarás comigo no meu camarote nem que eu tenha que te amarrar! - exclamou apertando-me novamente os pulsos.
- Deixa-a em paz Black Diamond! - gritou uma voz. Eu reconheci aquela voz de algum lugar. Olhei para o lado e era Jack. Era o único da minha tripulação que estava livre.
- Jack Nilton! - exclamou Black Diamond. - Apareceste na melhor altura...queres a rapariga?
- Toca-lhe com um dedo e eu mato-o! - ameaçou Jack.
Black Diamond mandou-me para cima de dois dos seus homens e estes agarraram-me. Aquele aproximou-se de Jack. - Que se passa Jack? - perguntou-lhe Black Diamond cinicamente. - Apaixonaste-te pela tua própria presa?
- O quê? - perguntei.
- Estás a defendê-la Jack, mas aposto que não lhe contas-te que a traíste! - exclamou Black Diamond pressionando a minha cara. - Olha para ela Jack, a sofrer e tu aqui, solto que nem um traidor.
Soltei a minha cara das maõs de Black Diamond e olhei com desilusão para Jack. - Jack? O que é que se passa?
- O que se passa menina Deverport, é que o Jack Nilton é meu aliado desde que se tornou pirata! - respondeu-me Black Diamond. - Eu jurei-lhe liberdade se ele me entregasse o que eu mais quero nesta vida para além do ouro, você menina Deverport.
Eu senti nojo de Jack. Como é que ele fora capaz de tremenda nojice e traição depois do que passámos juntos? Sentia mais raiva dele do que Black Diamond. Depois de Black Diamod iria matar Jack com as minhas próprias mãos. Iria fazê-lo sofrer ainda mais do que ele me fez a mim. Iria vingar-me dele e de Black Diamond, nem que fosse a última coisa que fizesse até parar de respirar.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Capítulo 23 - Terra à vista

Lyell acordara mais cedo. Fora o primeiro da tripulação inteira a acordar. Acordei com a euforia dos seus passos, logo no nascer da aurora. Ainda era bastante cedo, e eu não entendia o porquê de ele estar a pé tão cedo.
Numa questão de instantes saí para o convés e ouvi de imediato os gritos de Lyell: - Terra à vista!
A tripulação reuniu-se toda no convés. Eu peguei na minha luneta e confirmei que se avistavam praias ao longe. - Cavalheiros, chegámos à América do Sul! - anunciei.
- E onde é que está a cidade do ouro? - perguntou-me Till.
- Mais perto do que imaginas! - intrometeu-se Jack.

Cada vez estava mais certa de que Jack escondia algo. Ele estava demasiado seguro no que dizia sobre El Dourado, e tirando o seu lado irónico, havia qualquer coisa que me escondia. Por detrás daqueles olhos castanhos escuros encantadores, escondia-se uma mentira qualquer. Mas eu iria ter Jack debaixo de olho.
- Meus senhores quero a vossa atenção! - pedi. Quando todos me deram atenção continuei - Chegámos ao nosso destino! Mas lembrem-se, numa aventura nunca se perde a coragem e muito menos a emoção de estar a vivê-la!
Todos os cavalheiros da minha tripulação assentiram com a cabeça. Lyeel aproximou-se de mim e gritou para todos: - Viva a capitã!
- Longa vida à Jane Deverport! - gritou o Sr. Thomas.
- Meus senhores, preparem os botes. - ordenei - Vamos para terra!
Limpei a ocular da minha luneta enquanto Jack se aproximava cautelosamente de mim. - Qual é o plano capitão?
- Seguir os mapas, encontrar a cidade do ouro e no final, destruir Black Diamond! - respondi-lhe, pronunciando com maior firmeza "Black Diamond" e afastando-me de seguida.
- Porque estás a fugir de mim morena? - perguntou-me. Puxei-o para mim. - Retiro já o que disse! - exclamou Jack irónico.
Tirei a minha pistola e coloquei-a junto ao seu queixo. - Eu sei que escondes algo Jack! - exclamei eu. - Não ouses sequer trair-me ou nunca mais verás o nascer do sol. - ameacei-o
- Tão agressiva morena! - exclamou Jack irónico.
- Não me chames isso! - ordenei-lhe.
- Ao menos se morrer, quero morrer com um beijo nos teus lábios... - disse-me aproximando a sua boca à minha.
- Eu estou a falar a sério Jack, eu nunca perdoaria uma traição! - avisei-lhe. Os olhos de Jack desviaram o meu. O aviso estava dado.
- Eu não te escondo nada Jane. - afirmou.
- Não me vais obrigar a embebedar-te, pois não? - perguntei-lhe.
- Tu não eras capaz! - exclamou Jack muito seguro do que dizia, mas ao ver a minha cara mudou logo o tom - Ou eras?
- Eu faço tudo para conseguir o que quero Jack! - exclamei eu orgulhosa.
- Pirata! - exclamou Jack com orgulho. - Eu e tu somos iguais!
- Não Jack, não somos nem um bocadinho. - respondi-lhe.
- Porque é que não admites? - perguntou-me agarrando-me o braço.
- Admitir o quê? - perguntei-lhe.
- Que me amas! - respondeu-me directamente sem rodeios.
- Amor é uma palavra muito forte Jack. - afirmei eu. - Não a utilizes assim do nada... - respondi-lhe, soltando o meu braço.
Dirigi-me para junto de Marcus. Este estava muito concentrado a analisar o mapa.
- Precisas de ajuda Marcus? - perguntei-lhe.
- Este mapa... - começou Marcus. - Não sei, há qualquer coisa...
- Mas o mapa corresponde exactamente a esta praia...os pilares rodeados por água. - disse.
- E o que haverá por detrás destes pilares? - perguntou Marcus. - Segundo o mapa.
- Espera...este papel - afirmei eu. - Agora faz sentido!
- Desculpe capitã? - perguntou-me.
- Eu sempre analisei os mapas à luz das velas ou á luz da lua. - disse pegando no papel. Jack e o Sr. Thomas aproximaram-se.
- Jane? - perguntou o Sr. Thomas.
Peguei no papel e pu-lo na direcção do sol. - A luz do sol reflecte as letras ao contrário!
- Sim? - perguntou Jack.
- E as letras ao contrário formam as palavras "Ambição", "Desejo" e "Fortuna". - afirmei.
- O que signigica? - perguntou o Sr. Thomas.
- Estas palavras são relativas a El Dourado. - respondi. - A ambição dos homens ao encontrarem o ouro, o desejo de se afirmarem como senhores do ouro e o próprio ouro.
Jack olhou para mim espantado. - Como é que descobris-te isto tudo?
- Não foi com a tua ajuda! - respondi eu com um sorriso arrogante.
- Mas aqui fala no Rio Amazonas... - afirmou o Sr. Thomas olhando para o mapa.
- Temos de encontrar esse Rio! - exclamou Marcus.
- O que significa que teremos de deixar o navio para trás... - assentiu Jack.
- Nunca se deixa um navio para trás. - disse-lhe num tom menos arrogante. - E também há grutas e é aí que temos de ter cuidado. A uma certa hora do dia, a maré enche e as grutas ficam cercadas de água, correndo assim o risco de nos afogarmos.
- E qual é o plano Jane? - perguntou o Sr. Thomas.
No momento em que me preparava para responder, um estrondo de um canhão fez com que o meu navio estremecesse.
- Capitã! - gritou Lyell. - Temos companhia!
Voltei-me para trás e o meu cabelo solto acompanhou o movimento. Corri para o leme junto de Lyell e peguei na minha luneta.
- Tem bandeira? - perguntou Jack.
- Não. - respondi-lhe. - A minha pulsaçãso aumentou, o meu coração disparou, comecei a transpirar imenso e a ficar com suores.
- Capitã, sente-se bem? - perguntou-me Lyeel.
- É Black Diamond! - respondi-lhe transpirando cada vez mais. - Desta vez, tenho a certeza!

terça-feira, 20 de julho de 2010

Capítulo 22 - «Não temas o amanhã antes de viveres o dia de hoje»

O meu pai agarrou a minha mão. Sorriu-me e disse-me que me adorava mais do que tudo na vida e cantámos a nossa canção juntos. «Serei pirata até ao fim...»
- Jane! - gritou o meu pai em aflição. - Ele está a aproximar-se filha.
- Quem paizinho? Quem é que está a aproximar-se?


- Jane! - exclamou uma voz. - Jane acorda! - não era uma voz qualquer, era a voz de Jack.
- O que é que estás aqui a fazer? - gritei eu furiosa.
- Que humor fantástico logo pela manhã! - exclamou Jack irónico.
Levantei-me e aproximei-me de Jack. - Não dá azar só quando acordam os homens! - Peguei no meu alguidar com água e molhei a cara, limpando-a seguidamente a uma toalha.
- Estavas a sonhar com o quê? - perguntou-me Jack. Deve ter-se apercebido que era muito importante para eu estar danada com ele daquela maneira.
- Sonhei com o meu pai! - exclamei eu mandando-lhe com a toalha em cima.
- Eu peço desculpa...
- Sim está bem, mas o que é que fazes aqui? - perguntei-lhe.
- Eu precisava de te ver... - disse Jack pousando a toalha em cima da cómoda e aproximando-se de mim.
- Ainda cheiras a bebida! - protestei eu.
Jack cheirou a roupa e o hálito. - Só se for a roupa... - eu assenti com a cabeça. - Mas isso resolve-se... - desculpou-se retirando a camisa branca. - E agora?
- Muito melhor! - exclamei. Puxei-o para mim e beijei-o. Desejava-o e queria-o só para mim. Jack segredou-me ao ouvido que queria fugir comigo novamente para a ilha, que queria encontrar um tesouro com montes de ouro e garrafas de rum. E assim passámos o resto do amanhecer...abraçados.

O navio aproximava-se cada vez mais da América do Sul, onde no mapa estava localizada a misteriosa cidade de El Dourado. Os meus homens jantaram no convés à luz do luar e das velas. Falavam da cidade do ouro e eu juntei-me a eles.
- Já sinto o poder do ouro nas minhas mãos! - exclamou Till.
- Pois eu vejo que vou ter mais dinheiro do que tu! - picou Tyler.
- Dentro de dias seremos os piratas mais ricos dos sete mares! - exclamou Richard. - Aí até a marinha real nos vai temer ainda mais.
- Os nossos nomes vão ficar na história! - exclamou Till sonhando acordado.
- O teu? - perguntou Tyler. - Duvido muito!
- Olha lá, mas tu estás com a pinga ou quê? - perguntou Till começando a ficar furioso.
Nesse momento Jack aproximou-se e interviu para tentar controlar a situação. - Meus senhores! Tenham calma. Há muito ouro para todos! É uma parvoice dois cavalheiros discutirem por dinheiro!
Saí do meu camarote e apercebi-me do que se estava a passar. Jack estava novamente a iludir os corações ingénuos da minha tripulação. - Jack Nilton! - gritei, deixando todos a olhar para mim. - Chegue aqui, por favor! - Jack correu para ao pé de mim. - O que é que estás a fazer Jack? Não sabemos se de facto há pilhas de ouro nessa cidade perdida.
- Cada um acredita no que quer! - exclamou Jack.
- Começo a não poder contigo!
- Jane, tu amas-me, tens que poder comigo.
- Ai sim? - perguntei eu. - Pois bem, eu proibo-te de coltares a tocar neste assunto em frente a todos!
- Desculpa? - perguntou Jack. - Tu és tão...
- Tens que poder comigo! - respondi-lhe eu virando-lhe as costas.

Fui para ao pé do meu querido Sr. Thomas. Já não partilhávamos algum tempo juntos há bastante tempo e tínhamos saudades um do outro.
Ele olhou-me com o seu ar de desconfiado e eu sabia que não lhe podia esconder nada. - Eu só não quero é que eles se iludam com tanta fantasia!
- A era do ouro não acabou Jane, teve o seu auge há bastante tempo, mas o ouro é cada vez mais escasso. - explicou-me o Sr. Thomas. - Os teus homens no fundo sabem isso, mas a bebia provoca neles uma ingenuidade total.
- Cada um acredita no que quer...
- Jane, alguma vez pensaste em formar uma família? - perguntou-me o Sr. Thomas. Confesso que não estava mesmo nada à espera que ele me perguntasse tal coisa.
- Ah, nunca pensei nisso... - respondi-lhe.
- Bem, tu és tão nova... - disse-me o Sr. Thomas.
- Não. - respondi-lhe interrompendo-o. - Eu escolhi o meu próprio destino, e formar família não está incluído.
- Vou ter de acreditar em ti... - disse-me o Sr. Thomas beijando-me a testa e afastou-se de seguida. Senti um aperto no peito e percebi que não tinha dito tudo o que queria.
- É que... - disse, o que fez recuar o Sr. Thomas. - Eu não posso construir uma família sem destruir Black Diamond.
- Jane... - disse-me o Sr. Thomas.
- É verdade. - assenti eu. - Não poderei estar descansada enquanto Black Diamond não for destruído. - Definitivamente estava a começar a ficar exaltada. Lembrei-me do que sonhara hoje. Era como um aviso de que me aproximava de Black Diamond. O dia pelo qual eu desejara há muito estava a chegar e nada era certo do que poderia acontecer.
- Jane. - começou o Sr. Thomas por dizer, abraçando-me - Não temas o dia de amanhã antes de viveres o dia de hoje.
Entendi o que ele quis dizer e assenti. Apenas de uma coisa eu estava certa...teria que destruir Black Diamond antes que ele me destruísse a mim...

sábado, 10 de julho de 2010

Capítulo 21 - Euforia

- Jack é o Destiny! - gritei eu completamente eufórica. - O meu navio, inteiro e salvo!
Jack aproximou-se de mim querendo confirmar o que eu gritava. - Parece que é o teu dia de sorte morena!
- Morena? - perguntei-lhe eu.
- Sim, agora vou-te chamar assim. - respondeu-me Jack.
- Está bem, Jack! - concordei.
Peguei novamente na minha luneta e um bote vinha a dirigir-se para a praia. Não consegui perceber quem é que vinha no bote, mas eu só rezava para que o Sr. Thomas estivesse bem. Dei a luneta a Jack e vim arrumar o resto das coisas. Felizmente ainda tinha alguma fruta que iria levar para o navio. O navio do meu pai. Ele estava salvo, e eu também.
- Jane! - gritou uma voz. Era a voz do Sr. Thomas. Olhei para trás e ele estava a sair do bote. Corri para abraçá-lo.
- Sr. Thomas! - exclamei eu.
- Jane fico tão feliz por estares bem! - disse o Sr. Thomas abraçando-me com mais força. - Procurámos-te desesperadamente.
- E o resto da tripulação, como está? - perguntei-lhe. - Eu não vejo o Lyeel! - comecei a ficar preocupada.
- Ele está bem Jane. - tranquilizou-me, o que me fez suspirar de alívio. - E onde está o Jack?
Olhei para o lado e Jack estava estendido no chão.
- Está morto? - perguntou-me o Sr. Thomas.
- Não, está só afogado na bebida. - respondi-lhe.




Marcus e Tyler pegaram em Jack e puseram-no no bote, enquanto que o Sr. Thomas me ajudou a carregar a fruta. Entrámos no bote e rumámos até ao navio. Olhei para trás. Certamente não me iria esquecer daquela ilha. De uma maneira ou de outra, eu tencionava lá voltar...
Marcus olhava fixamente para Jack e encostou-se ao peito do mesmo para verificar se respirava.
- Ele respira... - concluiu Marcus.
- É claro que ele respira seu idiota! - exclamou Tyler. - Se estivesse morto, não estaria aqui a apodrecer no bote!
- Ele está bêbado Marcus. - disse-lhe. - Quando estivermos no Destiny ponham-no na sua rede do porão que ele fica muito bem instalado.
- Sim capitão! - responderam os dois.
Com os gritos Jack acordou. Levou a mão à cabeça e tentava situar-se.
- Onde é que eu estou? - perguntou.
- A caminho do Destiny! - respondeu-lhe Tyler!
- Estou vivo? - perguntou-se.
Marcus deu-lhe uma pancada que o deixou inconsciente. - Se é para dizer idiotices, mais vale estar a dormir. - ri-me com o comentário de Marcus.

Assim que pisei o convés do Destiny fui atenciosamente bem recebida pela minha tripulação.
- Viva a capitã Jane Deverport! - gritaram todos. A minha tripulação estava feliz por me ver bem.
Jack apercebeu-se da suposta "festa" que estávamos a fazer e gritou eufórico: Bebidas para todos! - Agarrei no braço de Jack antes que ele cometesse alguma loucura.
- Jack Nilton bêbado! - exclamou Lyeel descendo as escadas.
- Lyeel! - exclamei eu abraçando-o. - Fico feliz por estares bem.
- Eu também, Jane. - disse-me, ainda a tentar habituar-se a tratar-me pelo meu nome.
Jack estava deitado no convés e falar para o nada. Fiz sinal à minha tripulação para que voltassem aos seus postos. Eu, Lyeel e o Sr. Thomas aproximamo-nos de Jack.
- Então é isto Jane? - perguntou.
- Jack?
- Vais trocar-me por ele?
- O que? - perguntou o Sr. Thomas.
Levantei Jack. - Tu não estás bem!
- Marcus, Tyler, levem-no para a sua rede! - ordenou o Sr. Thomas.
Lyeel e eu olhámos um para o outro. - Desculpa Jane.
- Lyeel. - chamei-o. - Ele está bêbado, não sabe o que diz.
- Ai sei sim Jane! - gritou Jack. - Tu amas-me!
O Sr. Thomas começou a ficar irritado e decidiu levá-lo pelas suas mãos, e eu segui-o.
- Jack, isto está a ser demais! - protestei eu. - Já chega!
- Jane, ele hoje não te vai dizer mais nada.! - exclamou o Sr. Thomas deitando-o na rede e tapando-lhe a boca. - Amanhã está como novo!

Finalmente consegui descansar. O Destiny não sofreu grandes estragos, mas eu estive a reparar os que ficaram. Envernizei com a ajuda da tripulação uma boa parte do mastro que fora o mais atingido pela tempestade. Nenhum dos homens tinha perdido a vida, e todos se mostraram empenhados em voltar ao trabalho depois de dois dias à minha procura e de Jack.
Eu tinha uma rede nova. Antes de me deitar, abri a janela. Estava uma noite de verão quente, e deitei-me na minha rede a descansar onde acabei por adormecer numa questão de segundos.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Capítulo 20 - Ressaca


A maré estava a começar a encher e o mar salgado e azul da ilha molhou-me os pés e foi aí que acordou. Pela posição do sol e pela maré calculei que fosse meio-dia. Meu Deus, como dormira tanto? Olhei em meu redor e as minhas roupas e as de Jack estavam espalhadas em nosso redor. Eu estava vestida somente com a minha camisa.
- Oh não... - pensei eu.
Tinha a cabeça a andar à roda e não me estava a recordar do que acontecera nas horas anteriores, mas o cenário que observava dáva-me essa resposta. Olhei para Jack. Estava como veio ao mundo e dormia profundamente. Eu peguei na minha roupa e vesti-me. Nem queria acreditar que tinha acontecido, o que não devia ter acontecido. o meu cinto estava cheio de areia, por isso peguei nele e sacudi-o e coloquei-o à volta da minha cintura. peguei nas garrafas que estavam espalhadas pelo areal e nem uma única gota de rum. - Jane Deverport, a partir de hoje nunca mais bebes! - repreendi-me.
Sentei-me novamente na areias para calçar as botas. Reparei que a minha camisa estava cheia de nódoas da bebida. Estava a ficar enjoada por ter bebido tanto na noite passada, e decidi levantar-me para apanhar vento na cara. As palmeiras da ilha abanavam. Olhei para a fogueira, e esta estava resumida a cinzas, que voavam com o vento. Precisava de comer algo. A fruta que recolhera há uns dias acabara.
Passados alguns minutos trouxe várias frutas. Jack continuava com a sua ressaca. Percebi que queria sair o mais rápido possível da ilha, por isso acendi novamente a fogueira, atirando as garrafas de rum lá para dentro, para que fizesse mais fumo, e para que não voltasse a beber. Depois do que aconteceu, certamente não iria pegar na bebida durante as próximas décadas, se sobrevivesse até lá...
O fumo vindo da fogueira acordou Jack. Este também ficou surpreso por se encontrar ali, sem roupa, e com uma ressaca do tamanho do mundo.
- Jane? - chamou-me.
- Ao menos podes vestirte? - pedi-lhe. bem, tinha de admitir que Jack era bem constituído, para a idade que tinha.
Jack sentou-se na areia e vestiu-se. - Jane, lembras-te de alguma coisa de ontem?
- Não, mas calculo o que se passou... - respondi-lhe.
- Exacto... - respondeu-me Jack. - Esquecemos o assunto?
- Completamente! - exclamei eu, atirando as últimas garrafas de rum para a fogueira.
Jack ficou espantado com a minha atitude, e ao mesmo tempo furioso. - O que é que estás a fazer ao rum?
- Acabou-se o rum! - protestei.
- Não tens esse direito! - reclamou Jack vindo na minha direcção.
- Jack, percebi que não suporto o trasandar a rum, e dispenso mais uma vez ficar bêbada! - disse-lhe eu voltando-lhe as costas.
- Não entendo qual é o teu problema, afinal estamos os dois sozinhos nesta ilha! - exclamou Jack. Como não lhe respondi Jack agarrou-me. - Jane, neste momento só me apetece dar cabo de ti.
- Não percebo porque é que não o fazes... - disse-lhe.
Preparava-se para me beijar, mas eu larguei-me e saí dali.
- Eu quero o rum de volta! - exigiu Jack.
- Atira-te para a fogueira se o queres de volta Jack! - gritei-lhe. - Comporta-te como um fraco que não vê mais nada do que os prazeres da vida! - eu estava completamente fora de mim com isto tudo. Peguei numa das garrafas que não fora queimada e atirei-lha. Desesperadamente tirou a rolha da garrafa e tentou beber as últimas gotas.
Estava a chegar ao meu limite com Jack. Parecia estar a entrar numa depressão e a única cura possível era a porcaria da bebida! De repente, olhei para o horizonte e vi velas brancas.
- Oh, meu Deus! - exclamei. - Jack! - exclamei correndo para junto dele. - Jack, estamos salvos! - mas Jack estava novamente estendido na areia.
Com ou sem Jack eu iria partir daquela ilha e iria cumprir o meu objectivo. Estava salva, e nada mais importava...