Deixem a vossa marquinha *.*

domingo, 30 de janeiro de 2011

Capítulo 11 - Decisão

- Jane desculpa ter-nos denunciado! - disse Robin sussuradamente.
- Está tudo bem Robin. - assegurei-lhe.
Jack olhava fixamente para Robin. Os seus olhos estavam brilhantes e quase emocionados só de olhar para ele.
- Senhor, ordens? - perguntou um dos marinheiros.
- Eu preciso de falar a sós com a Capitã Deverport. - afirmou Jack. - Levem a criança para junto da sua tripulação e não se atrevam a tocar-lhe! - ordenou. A maneira como proferiu aquela ordem denunciou a sua afecção por Robin, mesmo não tendo a certeza de quem era verdadeiramente.
- Vai Robin. - disse-lhe. - Fica junto do Lyeel e do Sr. Thomas e não faças nada. - beijei-o na face e deixei-o ir. O meu medo mais que nunca aumentou e senti suores frios a percorrerem-me o corpo.
- Jane, vamos para o meu camarote. - disse-me Jack pegando no meu braço. Soltei-o e continuei a andar como se nada fosse. Jack ia à minha frente aceleradamente, como se estivesse nervoso e perdido nos pensamentos. O meu pensamento recaía em Robin e na nossa situação. Sentia que estava a pôr a vida do meu filho em risco ao entrar naquele camarote. Mas não me restava outra opção. Jack abriu a porta e deixou-me entrar em primeiro lugar. Ao contrário do camarote do seu Capitão, o de Jack era iluminado e bastante organizado, algo que eu nunca esperei ver. Como Jack estava mudado. Tinha uma vida tão diferente da minha. O luxo, a condição social. Que teria acontecido ao longo destes anos todos? Por momentos da minha vida julguei-o morto. A única esperança de o ver vivo era quando eu olhava para Robin e via o rosto do pai.
- Nunca pensei Jack. - disse-lhe.
Ele fechou a porta e trancou-a. - Mudou muita coisa Jane...
- Sim, de facto mudou... - concordei tristemente.
- Nenhum de nós escolheu este destino. - respondeu-me Jack.
- Escolheste-o tu quando decidiste partir. - interrompi-o. Virei-me para ele e aproximei-me. - Porquê Jack?

- Eu fiz o melhor para ti e para mim. - respondeu-me.
- Abandonar-me foi o melhor para os dois? - perguntei-lhe.
Ele aproximou-se de mim como costumava aproximar-se. O meu coração disparou e a minha pulsação aumentou. - Eu pensei em voltar para trás, mas...se eu tivesse ficado teria acabado por te magoar outra vez.
- Magoaste-me mais quando partiste! - gritei. Jack olhou de relance para mim e reparou no meu estado de frustração. Tentei acalmar-me e baixei o tom de voz.- Jack, tu tens uma vida nova. És oficial da marinha, provavelmente tens uma vida em terra, e eu não quero que mudes isso agora! - exclamei. - Depois destes anos todos sem ti, que importa agora teres voltado?
- Importa tudo Jane! - disse-me. - É esta vida que tu queres para ti? - perguntou-me. - Tu e toda a tua tripulação correm risco de vida neste momento! - exclamou. - Está na altura de mudar Jane. - afastei-me dele. No fundo as palavras dele eram certas. Pela primeira vez Robin corria risco de vida e eu jamais poderia permitir isso!
- Eu quero que garantas a minha protecção e a da tripulação de eu decidir que vamos para terra! - exigi.
- Jane, eu não posso encobrir os crimes de todos! - disse-me.
- E quem encobriu os teus? - perguntei-lhe. A minha pergunta deixou-o sem resposta. - Se eu voltar para terra tens de me garantir isso Jack. - informei-o. - Deves-me isso!
Jack reflectiu por momentos pensando no que eu lhe disse.
- O teu capitão fez-me uma proposta. - disse-lhe. - Falou-me num tesouro que pertence à coroa inglesa e tenciona recuperá-lo. - percebi que pela reacção de Jack ele sabia perfeitamente ao que eu me estava a referir.
- E aceitaste a proposta? - perguntou.
- Eu preciso de saber no que me vou meter, se aceitar... ele mencionou o nome do meu pai. Disse-me que ele foi possuidor de um mapa que conduziria ao tesouro.
- E o teu pai tinha esse mapa? - perguntou.
- Eu não tenho mapa nenhum se é isso que estás a insinuar. - afirmei. - O que vocês procuram não está no meu navio, por isso voltem para terra e deixem-nos em paz!
- Que espécie de homem seria eu se te abandonasse a ti novamente? - perguntou.
- Jack, eu não vos vou ser útil em nada... - ripostei.
- Mas vais ter de ser se queres viver! - exclamou, aumentando o seu tom de voz. - Achas que eu aguentaria em ver-te na forca? - as suas mãos pousaram na minha face. - Tu não mereces esse final Jane...
- E que final mereço eu? - perguntei.
Jack acariciou-me a cara. As suas mãos estavam macias e os seus dedos percorreram a minha boca. Sentir o seu cheiro de novo foi quase como se tivesse acordado ao fim destes anos todos. As sensações antes adormecidas estavam a voltar...
- Tu mereces viver Jane! Acima de tudo mereces viver! - exclamou, afastando-se de mim.
- Como é que ele conhecia o meu pai? - perguntei.
- O teu pai conheceu-o enquanto servia a marinha real. - respondeu-me.
- Nem ele e o Sr. Thomas me falaram dele... - afirmei.
- Jane, o importante é voltares em segurança. - assentiu Jack. A minha cabeça murmurava uma data de coisas ao mesmo tempo que me impossibilitavam de pensar em alguma coisa. Jack continuava a tentar convencer-me para voltar com ele, mas eu apenas pensava em Robin e a verdade que eu tinha de lhe contar. - Jane, a criança que afirma ser teu filho...
- Sim Jack, o Robin é meu filho! - respondi-lhe directamente.
Jack olhou-me nos meus olhos como se quisesse arrancar a verdade de dentro de mim. O seu olhar~penetrante não me deixou intimidada, mas percebi que tinha chegado a hora de Jack saber a verdade. - O Robin é teu filho Jack. - disse-lhe de uma vez por todas, sem rodeios.
Os seus olhos desviaram os meus, como se o seu corpo se tivesse contraído ao ter ouvido tal coisa. Jack levou as mãos à cabeça apercebendo-se do erro que cometeu ao partir naquela madrugada...

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Capítulo 10 - Tesouro Escondido

- Revejam este navio de uma ponta à outra! - ordenou Jack. - A frieza da sua voz provocou-me arrepios. Pior que isso, a segurança de Robin estava em perigo. Tinha de os deter de alguma maneira. Mas como?
- És o capitão daquele navio? - perguntei-lhe. O seu olhar cruzou-se novamente com o meu.
- Jane...
- És o capitão ou não? - perguntei novamente, querendo uma resposta directa.
- Não. - respondeu-me desviando o olhar.
- Então exigo falar com o vosso capitão! - ordenei. Antes que Jack apresentasse alguma objecção ao meu pedido interrompi-o. - Agora!
O meu tom de ordem fez com que a sua atitude se tornasse mais fria e dura. - Claro. - respondeu-me. - Mas vais como prisioneira. - disse-me, pegando nos meus braços para me colocar as algemas.
- De ti não esperava outra coisa, Jack Nilton! - exclamei, dirigindo-me para a tábua que permitia a passagem de um navio para o outro. Antes de colocar um pé naquele comprido pedaço de madeira, olhei para trás e zelei pela segurança de Robin. Toda a minha tripulação era prisioneira do seu próprio navio. Ao atravessar, olhei para o oceano que estava por baixo de mim e desejei atirar-me a ele e ser levada para bem longe dali. Jack estava mesmo atrás de mim e colocou uma das suas mãos nas minhas costas para que eu não me desiquilibrasse. A bordo do navio encontravam-se ainda mais oficiais da marinha, fardados dos pés às cabeças, possuindo armas mais evoluídas do que as nossas. Olhei novamente para o Destiny e nenhum sinal de Robin. Tinha esperança que ninguém o descubrisse e que nos deixassem voltar em paz. O meu olhar tomou atenção aos passos de Jack e a maneira como ele agia perante a lei. Aproximou-se de mim e olhou-me nos olhos. - O capitão está à tua espera.
- Ordena os teus homens que saiam do meu navio! - ordenei-lhe. - Jack, eu não sei que tesouro é esse que vocês tanto procuram!

- Tu és prisioneira! - exclamou. - Não tens autoridade nenhuma neste navio.
- Tu também não tinhas autoridade nenhuma de me teres feito o que fizeste! - disse-lhe, atirando-lhe a verdade à cara.
Jack agarrou no meu braço e conduziu-me ao camarote do capitão. Olhei para ele frustrada e entrei a seguir. O camarote era um sítio escuro, com uma pequena janela no fundo. Aproximei-me mais da claridade e na minha direcção caminhava um homem alto e musculado.
- É um prazer vê-la menina Deverport! - exclamou.
- Desculpe? - perguntei atónita quando ele proferiu o meu apelido.
- De facto a sua beleza não desvaneceu...dadas as suas condições de habitação. - disse com ironia.
- É o capitão deste navio? - perguntei-lhe.
- Falha minha! - ironizou. - Permita-me que me apresente...Capitão Charles Castro. - os seus olhos castanhos escuros pousaram nos meus. O seu olhar era duro, cansado e obsessivo.
- Como é que sabe o meu nome? - perguntei.
- Não lhe escapa nada, pois não menina Deverport? - constatou. - Eu tive o privilégio de conhecer o seu pai.
- Não querendo parecer rude, mas o seu tom pareceu-me sarcástico. - afirmei.
- Interpretou mal as minhas palavras... - disse-me. - Robert Deverport era um homem leal, bom e dedicado a servir a marinha real... - contou-me. - É uma pena que a filha tenha tomado um rumo tão diferente à sua vida.
- O que faz parte do meu passado não lhe diz respeito! - exclamei arrogantemente.
- Dada a sua condição de ser mulher solteira, capitã de uma tripulação de falhados, não lhe resta muito mais. - assentiu.
Aproximei-me mais do que determinada do homem que tinha à minha frente. - O que quer de mim?
- A Jane, e toda a sua tripulação, esperam a forca. - respondeu-me, mexendo no seu cabelo. Apesar da idade que tinha, os indícios de vaidade a si próprio estavam bem presentes. - Se voltar apenas como minha convidade, eu livro-a da forca.
- Mas? - perguntei-lhe sabendo que haveria algo mais por detrás de tal oferta.
- O seu pai era possuidor de um mapa muito valioso que nos conduzirá a um tesouro perdido. - afirmou.
- Não me resta nada do meu pai, a nossa casa de África ardeu. - respondi-lhe.
- É uma pena. - disse com ironia. - Esse tesouro poderia salvar-lhe a pele e à sua tripulação...
- Eu não tenho mapa nenhum! - afirmei.
- Nesse caso assistirá ao vivo à morte de cada um dos seus mortos-vivos tripulantes, um por um... - ameaçou-me.
- O que é que esse tesouro tem de tão valioso? - perguntei-lhe. - Já que estou metida no assunto exigo saber as circunstâncias!
- O desejo de querer conhecer sempre mais, por vezes pode tornar-se uma arma inimiga, Jane. - apontou. Aproximou-se de mim e colocou-se junto ás minhas costas, afastando o meu cabelo da orelha e sussurrou: - Não tens muito mais opções Jane! - o seu sussurro foi como uma pedra no meu coração. - Jack! - chamou. Por mais abalada que me encontrasse, eu tinha de arranjar uma solução para salvar o meu filho. E Jack contra mim? Como é que a vida de uma pessoa muda assim tanto? Jack entrou no camarote e pegou-me num dos braços, levando-me de volta para o convés. O meu olhar paralisou assim que vi dois homens a agarrar cada um dos braços do meu filho.
- Encontrámos esta criança a bordo do navio, senhor! - disse um dos homens a Jack.
Robin tentou manter-se calmo, mas o seu olhar indiciava sinais de medo e de perigo.
- Larguem a criança! - ordenou Jack. As suas palavras, por segundos, deixaram-me mais aliviadas. Porém, Jack aproximou-se de Robin e aí o meu coração voltou a bater cada vez mais depressa.
- Um rapazinho a bordo! - exclamou Jack. - Não é comum não. - eu mantinha-me atenta a todas as reacções de Jack. Pai e filho estavam pela primeira vez juntos, em frente um do outro, e nenhum deles sabia o seu grau de parentesco um com o outro. Jack retirou o chapéu de Robin e acariciou-lhe o cabelo. - A criança está assustada. Ela deve voltar connosco para terra.
- O quê? - questionei-o.
- A lei não permite que crianças sejam enforcadas. - informou-me. - O rapaz merece uma vida melhor. - Forçadamente dei razão a Jack. Robin merecia tudo o que eu lhe pudesse dar. Uma vida longe do perigo, uma vida de conforto. Porém, jamais permitiria que essa vida fosse longe de mim.
- Jane, estou com medo! - disse Robin agarrando-se a mim.
- Não faz mal Robin, todos temos medo. - disse-lhe tentando acalmar-me. - Tu e eu estamos juntos nisto e nada nem ninguém nos vai separar. - prometi-lhe. - Robin, tu tens de me prometer que vais ser forte aconteça o que acontecer!
- Sim mãe, eu prometo! - exclamou. Assim que a palavra «mãe» ecoou nos ouvidos de Jack, este institivamente olhou para nós e ficou perplexo a olhar para nós. Aproximou-se de mim e levantou-me calmamente.Num acto de defesa Robin pôs-se à frente, mas eu tirei-o do caminho. Jack olhou para mim fixamente e perguntou: - Tu tens um filho Jane?

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Capítulo 9 - Reencontro


Estranhamente aquele era um dia de nevoeiro. Habituei-me a acordar com o romper da aurora. Porém, hoje abri os olhos mais tarde devido ao clima. O Sr. Thomas sempre interpolou os dias de nevoeiro como dias de azar. Nunca acreditei muito nas suas crenças, porque eram quase como profecias antigas. Mas porquê não acreditar? Nada neste mundo é impossível.
Assim que saí do meu camarote, Robin já saltava de um lado para o outro, com um pau na mão, fingindo ser um bandido que governava os sete mares. Reconhecia o seu espírito. Os seus olhos castanhos brilhavam com toda aquela excitação de uma personagens de uma história.
Reparei que Marcus estava demasiado concentrado na profundeza daquele nevoeiro. O bichinho da curiosidade atacou e aproximei-me dele, querendo saber o porquê de tanta concentração naquela imagem vazia e misteriosa.
- Anceias por ver algo Marcus? - perguntei.
- Capitã, dizem que os dias de nevoeiro trazem azar, mas eu acredito que tragam sorte. - respondeu-me. - Eu uso este brinco na orelha, acredito que me traga sorte. - levantou os cabelos que tapavam a sua orelha esquerda e vi o seu brinco. - Por detrás deste nevoeiro poderá estar uma ilha deserta, um navio naufragado, uma donzela naufragada que quem sabe poderia ser minha noiva.
A sua história fez-me sorrir. - És sempre assim tão sonhador?
- Sonhar não faz mal aos homens. - afirmou. - Por vezes é preciso sonhar para se chegar ao que é mesmo real. - as suas últimas palavras fizeram-me pensar bastante. Era bom ver o brilho nos olhos e o entusiasmo de alguém que sonhava por algo que realmente desejava. Era incrível ver que Marcus, apesar da vida que tinha, tinha tempo de sonhar e de alimentar o seu sonho com pequenas esperanças, mas que para ele eram grandes vitórias.
- Então não deixes de sonhar Marcus! - aconselhei-o.
- A capitã também devia de sonhar mais vezes! - aconselhou-me, também.
O meu sonho era ver o meu filho feliz e com um sorriso na cara todos os dias. Isso era a minha fonte de felicidade. Mas talvez Marcus tivesse razão, talvez eu também devesse encontrar a minha própria felicidade. Uma vaga de vento invadiu-me e transportou o meu olhar para o mastro do navio, onde se encontrava Lyeel com a sua luneta. Interpretei como se fosse uma voz que me chamasse e preparava-me para dirigir até ele. Porém, a sua voz ouviu-se no meio da brisa: - Navio à vista! - gritou com um tom de voz preocupante. O meu coração disparou de anciedade. - Bandeira? - perguntei. Lyeel pegou novamente na sua luneta e verificou: - É um navio da marinha real!
- Homens às suas posições! - ordenei. Por entre correrias e encontrões, encontrei Robin e agarrei-o, levando-o para um canto. - Robin, tu vais fazer exactamente o que eu te vou dizer.
- Mãe, o que se passa? - perguntou-me. Pela maneira como me chamou percebi que estava assustado.
- Robin, não tenhas medo. - confortei-o. - Vais lá para baixo, junto do porão e aí vais esconder-te dentro de um dos caixotes, e só sais de lá quando perceberes que não estás em perigo.
Robin assentiu, mas depressa questionou-me - E tu?
- Não te preocupes comigo! - pedi-lhe, dando-lhe de seguida um beijo leve na sua face.
Nunca em tempo algum tínhamos avistado um navio da marinha real. O melhor que poderíamos fazer era sermos o mais discretos possíveis, e felizmente a nossa bandeira não estava hasteada. Quando me voltei para trás, serviçais da marinha com as suas ilustres fardas invadiram o meu convés, apontando armas contra os membros da minha tripulação.
- Ninguém dispara! - ergui a minha voz. Tanto os meus homens como os outros levantaram armas. - Eu sou a capitã do navio. - informei-os. Notei o ríspido riso que alguns homens teceram devido à minha apresentação.
- Capitã, apenas precisamos de revistar o seu navio, de forma a poderem prosseguir a sua viagem. - informou-me um dos serviçais.
- O que procuram? - perguntei.
- Foi roubado um tesouro que pertence à Inglaterra. - respondeu-me. - Queremos certificar-nos de que não sois possuidora desse mesmo tesouro.
- Não vão encontrar nada. - respondi-lhe.
- Então, não haverá problema de o meu superior e dos restantes homens revistarem o vosso navio. - afirmou.
O meu coração batia fortemente. Controlava os meus nervos, mas a segurança de Robin estava em perigo. Engoli seco e fiz sinais aos meus homens para que tivessem atentos. De repente, no meio do nevoeiro surgiu um vulto. À medida que se aproximava de mim, a sua imagem tornava-se nítida na minha mente. Aquele andar, aquela postura particular. Eu não queria acreditar no que os meus olhos estavam a ver. O vulto misterioso era Jack. Durante segundos o nevoeiro tornou-se mais agressivo, a multidão desapareceu e apenas estávamos eu e ele. Como se ele tivesse regressado da terra dos mortos. O seu rosto tornara-se mais adulto. Aquela sua expressão de rapaz de dezoito anos desvanecera e transformara-o num homem. O seu corpo desenvolvera-se e a sua barba tornara-se mais grossa.O seu sorriso irónico fora substituído por uma expressão mais madura. Por detrás da sua face desconhecida, encontravam-se aqueles olhos castanhos que foram de encontro aos meus...
- Revistem o navio homens! - ordenou. Ao ouvir a sua voz senti um aperto no peito e tornou-se difícil para mim respirar.
- Jane... - disse-me Lyeel segurando-me no braço.
Bastaram três passos para que Jack e eu estivessemos frente a frente.
- Olá morena... - cumprimentou-me não com o seu habitual tom irónico, mas com um tom de surpresa.
Eu não tinha palavras para lhe dizer. Ainda estava estupfacta com o que via há minha frente. Jack tornara-se oficial da marinha e eu estava oficialmente condenada. O Sr. Thomas tinha toda a razão. As suas palavras estavam mais que certas e aquele dia de nevoeiro ainda só estava no princípio...