Deixem a vossa marquinha *.*

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Capítulo 3 - « Uma nova vida começara para mim»

Cada passo que dava mais desejosa ficava por entrar pela porta da casa dos meus pais. Apesar de legalmente não me pertencer eu sabia que os que habitavam a casa, outrora criados, me receberiam de braços abertos. Avistei o casarão e o jardim que o rodeava. Meu Deus, como estava belo! A minha mãe sempre exigiu que o mesmo fosse tratado como se tratasse de um jardim real. Nunca apreciei a beleza natural de uma parte da minha casa, mas hoje vi o rosto da minha mãe naquele jardim e reconheci a estima que ela tinha por ele.
- Bem-vinda a casa Jane! - exclamou o Sr. Thomas.
- Agora sim, estou em casa! - exclamei, avançando.
Lyeel mostrou-se um pouco receoso por voltar a viver numa casa, já que nunca tivera o privilégio de ter um lar como eu tive. Aproximei-me dele e dei-lhe a mão dizendo-lhe:
- Está tudo bem Lyeel!
Ele sorriu-me a apertou a minha mão com mais força e acariciou-a. Lyeel era tão querido e belo. Desejei tantas vezes nutrir por ele o mesmo que ele nutria por mim e todos os segundos o sentimento ia aumentando, mas tinha a noção que não era amor que eu sentia por ele. Por muito que me custasse admitir, era Jack quem eu amava e desejava estar ao meu lado.
Para minha surpresa Jill estava a regar as plantas com um balde que transportava água do rio. Aproximei-me e sorri ao vê-la.
- Jill! - chamei-a.
Ela interrompeu o seu trabalho e entendi que reconhecera a minha voz. Olhou para o lado e ficou surpreendida ao ver-me.
- Menina Jane! - exclamou surpreendida. Aproximou-se de mim e tocou-me na cara, para confirmar que eu não era uma miragem.
- Sou eu mesma Jill! - exclamei.
- Não acredito! - exclamou abraçando-me. - Graças aos céus que está viva! - abracei-a com muita força. Sentia-me mesmo feliz por estar ali em casa, com a pessoa que foi a minha segunda mãe. - Esta casa continua a ser sua Jane! - disse-me pegando no meu rosto, olhando-me nos olhos. - Não é um simples papel que delibra que esta casa já não lhe pertence.
- Obrigada Jill! - agradeci-lhe. - Há espaço para mais três, pelo o que me recordo da casa!
- Claro que há! - respondeu-me. - Sr. Thomas, é bom tê-lo de volta!
- É bom estar de volta Jill! - exclamou o Sr. Thomas.

Todos os criados me receberam de braços abertos. Os sorrisos dos que me criaram fizeram-se notar naquele fim de tarde. Jill preparou-nos uma refeição composta, na qual estava incluída a sua sopa deliciosa que eu sempre apreciei, mas embirrava por comê-la diariamente. Foi estranho e um pouco doloroso ver a cadeira do meu pai e ele não estar sentado nela. O Sr. Thomas sentou-se na mesma e eu ocupei o meu lugar. Foi um jantar agradável onde falámos sobre África. Não referi nada acerca do Destiny, e muito menos de Jack. A notícia que mais me entristeceu naquela tarde foi saber que a minha outra ama, Rosette falecera há uns meses, vítima de tuberculose, a mesma doença que vitimou a minha mãe.
Fora para o meu quarto. Iria estranhar certamente a cama, visto ultimamente a minha cama era uma rede. Abri o meu roupeiro e os meus vestidos ainda continuavam pendurados nos cabides e separados por cores e feitios, tal como Rosette adorava organizá-los. Jill preparou-me um banho e trouxe-me uma camisa de noite lavada e seca. Não estava nada habituada a este tipo de vestuário, mas foi bom senti-lo na pele novamente. No momento em que Jill se preparava para apagar a minha vela e impedi-a, pedindo-lhe:

- Por favor, hoje fica comigo!
Jill sentou-se ao fundo da minha cama e deu-me a mão.
- Acho que está a precisar de falar de mulher para mulher. - afirmou Jill. Era incrível a maneira como ela me conhecia. Peguei na mão dela e pousei-a sobre a minha barriga. Ela percebeu o que eu quis contar-lhe e acariciou a minha barriga. - Não está sozinha menina Jane! Todos nesta casa vamos ajudá-la a cuidar desse bebé!
Sorri-lhe e depois foi a minha vez de poisar a minha mão na minha barriga. Contei-lhe tudo o que se passara durante os meses de ausência, o modo como Jack entrara na minha vida e como saira. Quando dei por mim, os raios da aurora entraram através da janela. Uma nova vida começara para mim.

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