Deixem a vossa marquinha *.*

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Capítulo 2 - Recordações

Passados três meses de viagem pude sentir de novo o areal africano nos meus pés. Descalcei as minhas botas e senti aquela frescura atlântica tão característica de África. Durante todos estes meses passados em alto mar, desejei muitas vezes voltar ao local onde me orgulhava de chamar casa. O cenário estava igual, as mesmas palmeiras a cobrirem a praia. Do outro lado da colina o porto estava vazio, pois a marinha real encontrava-se em alto mar, e achei que era a altura certa para voltar. Aquela praia era quase deserta. A minha casa era ainda alguns metros da praia, mas distanciava ainda alguns quilómetros da cidade, por isso o porto onde desembarcavam os navios era um pouco mais longe, e apenas o meu navio se encontrava nestas margens.
O meu regresso a casa permitiria-me começar de novo mais o meu bebé que vinha a caminho. Queria que ele ou ela tivesse a oportunidade de sentir o que eu sentia cada vez que vagueava por bosques e savanas. Seria mais seguro a criança nascer aqui, e protegê-la-ia dos perigos do oceano. A pirataria antigia o seu auge e quase todos eram apanhados pela marinha real inglesa e eram punidos pela forca. Aqui em terra sentia-me segura e tão cedo não tencionava voltar para o mar.
Uma hora depois, todos os membros da minha tripulação estavam reunidos comigo e com o Sr. Thomas na praia. Todos traziam uma pequena bagagem às costas, do pouco que tinham. Ordenei que partes de mobiliário do meu navio fossem retiradas, pois tencionava levá-las para casa comigo.
- Cavalheiros! - exclamei eu. - Foi um privilégio ter-vos no Destiny, com a vossa lealdade, a vossa determinação e a vossa fidelidade. - fiz uma pausa e observei-os. Uns estavam visivelmente tristes por regressar ao local de onde eram escravos e de onde não tinham família. Outros, por sua vez, partilhavam da mesma opinião que a minha. - Todas as aventuras têm um fim, e esta acabou. Há que seguir em frente e seguir o caminho traçado pelo destino de cada um!
Assim que terminei, os vinte homens que constituiram a tripulação do Destiny gritaram pelo meu nome em seguida de "Hurra", o que me deixou orgulhosa de mim e deles.

Horas depois Lyeel e Marcus acenderam uma fogueria na praia. Queria poder ter a oportunudade de ver o pôr-do-sol sentada no areal, antes de voltar para casa. Olhei para a minha barriga, e estava a ficar maior. Desejei que tanto o meu pai como a minha mãe estivessem sentados comigo, um de cada lado e vissem o explendor daquele pôr-do-sol. Assim que estivesse instalada em casa, visitaria as campas deles e ficaria a contar-lhes tudo o que se passou durante todo este tempo. Quando era pequena acreditava fielmente que a minha mãe ia voltar para casa depois da sua morte, por isso ia esperá-la todos os dias à praia com esperança que um navio trouxesse a alma dela, e só dizia "Mamã volta por favor, precisamos de ti" e foi triste e doloroso quando percebi que ela não ia voltar mais. Pensei que iria responder ao meu filho ou à minha filha quando me perguntasse onde estaria o pai. De facto, durante estes três meses anteriores tive esperança de o voltar a ver um dia, mas há muito tempo que esperança era um termo que para mim perdera o significado. E sempre me disseram que a esperança é a última a morrer. Seria?
- Jane, devias comer algo. - aconselhou-me Lyeel.
- Obrigada... - agradeci.
- Precisas de forças para voltares a casa Jane! - exclamou o Sr. Thomas.
Levantei-me e aproximei-me do Sr. Thomas. - Como se sente por voltar Thomas?
- A minha ligação com África perdeu-se à muito Jane. - respondeu-me. - A tua família foi a única coisa que me manteu ligado aqui, e dezenas de vezes em que pensei libertar-me dela e seguir a minha vida, mas eu sabia que o teu pai e tu precisavam de mim quando a Amelia faleceu. Tu ficaste tão perdida no mundo e o teu pai queria partir para o mar, mas eu abri-lhe os olhos e ele percebeu que agora era apenas ele e tu. - fez uma pausa e limpou-me as lágrimas que me escorriam pela cara. - E que acima de tudo, tinham de tomar conta um do outro.
- Eu estou eternamente grata por ter ficado comigo Sr. Thomas! - respondi-lhe, abraçando-o depois.
- Agora as coisas vão melhorar Jane. - disse-me. - O bebé que vem aí vai crescer em paz e tu vais ser um excelente mãe.
- Mesmo sem o Jack? - perguntei-lhe.
- Mesmo sem o Jack! - respondeu-me.
- Agora sim, estou pronta para voltar! - exclamei.

4 comentários:

  1. De quantos meses está Jane? está engraçado.

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  2. Cara leitora, a Jane está grávida mais ou menos de quatro meses. Obrigada por acompanhares:)

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  3. Jane agora esta mais confiante para seguir a sua vida e voltar a africa !!
    O Thomas agora e como se fosse o "pai" dela ...


    Mas eu gostava que ela ficasse com Lyeel, porque as historias ja estao a terminar sempre com o mesmo final, e e preciso mudar ... mas Jack ainda esta no coracao de Jane e nao ha nada que se possa fazer contra o seu coracao ...

    Rita

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  4. Rita, Jack será sempre o grande amor de Jane, mesmo que ela se sinta atraída por Lyeel. Mas ainda muita coisa se vai passar e mudar também. Agora lutar contra o que o coração sente, isso é impossível!

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