Deixem a vossa marquinha *.*

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Capítulo 3 - Partidas

Jill foi-me buscar ao escritório e eu não pronunciei uma única palavra. Quando dei por mim estava dentro de uma banheira a ser esfregada. Depois do banho, Rosette vestiu a minha camisa de noite verde e enfiou-me dentro da minha cama. Nem sequer tive vontade de comer. Não respondia a nada do que me perguntavam, e limitei-me a adormecer.
Acordei a meio da noite, acendi uma vela e saí do meu quarto, com os pés descalços. Tentava não fazer barulho algum, mas os meus pés faziam com que a madeira chiasse. Aproximei-me do quarto dos meus pais e ouvi a minha mãe a tossir. Pensei que fosse alguma coisa temporária, mas era cada vez mais forte. mas eu pretendia chegar ao escritório. Desci as escadas com o máximo cuidado possível e assim que entrei no escritório, fechei logo a porta.
Não sabia bem o que procurava, mas a verdade foi que precisava de algum dado ou documento que me ajudasse a perceber quem era afinal Black Diamond. Pousei a vela na secretária e vasculhei as quatro gavetas, mas não encontrei nada. Procurei em outros móveis e nem uma única pista. Quando dei por mim, o romper do sol notavasse. Já conseguia ouvir o barulho do acordar dos criados. Soprei a vela e saí do escritório com o cuidado de não ser apanhada. Num ápice, subi as escadas e aproximei-me do quarto dos meus pais. A minha mãe tinha parado de tossir. De repente, o Sr. Thomas saiu do quarto e agarrou-me para tirar dali.
- Larga-me! - ordenei eu começando a espernear. Dei um pontapé na perna do Sr. Thomas, e ele com a dor acabou por me largar.
- Jane, não! - gritou o Sr. Thomas.
Uma criada saiu do quarto com uma toalha manchada de sangue. O Sr. Thomas agarrou-me com toda a sua força. O meu pai saiu do quarto e abraço-me a chorar. Nunca tinha visto o meu pai a chorar daquela maneira. Soltei-me e entrei no quarto, e ela estava ali deitada na cama, enxugada com sangue, morta...

Foi o pior amanhecer de sempre. Ver a minha mãe sem vida, foi o momento mais difícil de sempre que já vivi. Vítima de tuberculose disse o médico. Senti-me sozinha, apesar de ter o meu pai e o Sr. Thomas ao meu lado. Desde esse dia nunca mais voltei para a savana. Tornei-me mais crescida, não voltei a brincar como dantes, e assumi outras responsabilidades. O meu pai dedicou-me todo o seu tempo. Queria passá-lo em terra, mas eu não queria mais estar naquela casa. Queria sair dali, queria o mar. E foi isso que aconteceu. O meu pai levou-me com ele para alto-mar e assim ficámos. Eu, o meu pai e o Sr. Thomas ficámos juntos e prometemos nunca nos separar. Navegávamos, assim pelo atlântico, para defender a nação. Durante todos estes anos, nunca apareceu um único navio pirata. "É fácil defender a nação", pensei eu. Todas aquelas histórias de piratas que me contavam era mentira. "Os piratas maus só existem nas histórias" tentava o meu pai convencer-me, mas eu não acreditava. E tinha a certeza que esse tal de Black Diamont era um deles, e eu não ia descansar enquanto não descobrisse a verdade. Tentava persuadir os marinheiros do meu pai a facultarem-me informações, mas nenhum deles cedia. Eu não passava de uma criança, porque é que eles haveriam de partilhar o perigo deles comigo. Apesar de eu amar o perigo, e sentia-o nas minhas veias, o meu pai impunha-me limites quanto a isso.

1659

Parece que foi ontem. Sim, parece mesmo que foi ontem, que deixei a minha terra. meti-me no navio e olhei para trás, vendo as terras africanas a tornarem-se cada vez mais pequenas, até que desapareceram, mas sabia que um dia eu ia voltar. Aquela sensação de areia escaldante, quando não conseguia ver a minha sombra, pois ao meio-dia era o único momento à luz do dia em que não a conseguia ver. Todas aquelas palmeiras enormes percorriam as praias infinitas. E do outro lado estavam as savanas, com todos aqueles animais feroses que eu anciava enfrentar. Mas tudo mudou, num só segundo, e percebi o quanto aquela terra era importante para mim.

3 comentários:

  1. Que pena a mae dela ter morrido!!!!!!!!!!!!!!
    Foi mesmo surpresa...
    Eu quando li que a criada tinha saido do quarto com a toalha manchada de sangue, pensei que tivesse sido o pai dela, mas enfim...


    Rita

    ResponderEliminar
  2. é uma pena que a mae de jane tenha morrido! nao nunca sabemos o nosso futuro! :S

    Espero por mais capitulos :P

    ResponderEliminar
  3. Wow! Tu não brincas em serviço. Três capítulos apenas e já deixas a criança órfã? É muita emoção... Este é um capítulo de mudança: o crecimento, os objectivos de vida, a importância das coisas... Os safanões que a vida nos dá têm sempre consequências...

    ResponderEliminar