Deixem a vossa marquinha *.*

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Capítulo 11 - «Só merece ser encontrado o que vale a pena ser encontrado»


Tinha passado exactamente um mês desde a morte do meu pai, e desde essa altura que me tinha tornado pirata. E estava a sobreviver bem, sozinha. A história de El Dourado colocava-me cada vez mais indecisa sobre o que escolher. Não desacreditava totalmente nas palavras de Jack. Aliás, no meu subconsciente eu queria que aquilo fosse verdade, para possuir uma quantidade de ouro que desse para estabilizar a minha vida. Mas esta história da maravilhosa cidade do ouro, não podia de modo algum, distanciar-me do meu objectivo principal: encontrar Black Diamond e destruí-lo, e eu iria conseguir fazê-lo, nem que fosse a última coisa que eu fizesse enquanto viva. Peguei novamente no mapa e analisei-o com mais pormenor. Reparei que por cima de um dos símbolos estavam as iniciais "BD".Eu conhecia aquelas iniciais.
- Black Diamond! - gritei eu levantando-me da minha rede. O primeiro pensamento foi tentar perceber como é que Jack tinha conseguido o mapa. Teria ele sido vítima de Black Diamond? Nunca ninguém me explicara pormenores da identidade de Black Diamond. Mas havia uma coisa que eu ainda não tinha feito...confrontar a minha tripulação com esta história toda.
Nessa mesma noite ordenei a Lyell que reunisse todos os homens no convés, e assim o fez.
- Digam-me, cavalheiros, o que sabem sobre Black Diamond? - perguntei-lhes eu. Reparei que a minha pergunta inquietou alguns dos homens. Um ou outro começou a fazer uma espécie de ritual, como se estivesse a libertar de uma maldição.
- Não devemos pronunciar o seu nome capitã! - exclamou Richard. - Tráz azar!
- Desculpa? - perguntei eu.
- Black Diamond é a maior ameaça dos sete mares, se pronunciarmos o seu nome, ele vem até nós. - disse Richard.
- Isso é uma tolice! - exclamou Marcus. - Capitã, é claro que este capitão pirata é uma ameaça, mas não nos vai acontecer nada se pronunciarmos o seu nome!
- Há cerca de quatro anos, que nunca mais se ouviu falar dele. Antes pilhava navios inteiros, sem deixar um único sobrevivente. - começou Till por dizer. - Antepassados meus morreram no mar ao tentar derrotá-lo.
À medida que os meus homens me iam contando as diversas histórias, reparava na forma como Jack se tentava esconder da situação.
- O que tem a dizer sobre isto, Sr. Nilton? - perguntei-lhe eu.
- Só merece ser encontrado o que vale a pena ser encontrado... - disse Jack, fazendo uma breve pausa. - Para quê saber de uma figura que poderá estar morta, se temos a cidade do ouro à nossa espera.
- Cidade do ouro? - perguntou Marcus.
- Jack! - repreendi eu.
- Não lhes contas-te Jane? - perguntou-me Jack. - Meus senhores, o nosso próximo destino é El Dourado, a cidade do ouro, perdida nas águas do Pacífico. A riqueza é tanta nessa cidade que o rio é tão dourado como o próprio ouro.
- Jack, já chega! - ordenei-lhe eu.
- Capitã, esta será a nossa maior aventura! - gritou Till. - Para quê perocuparmo-nos com Black Diamond?
Eu não acreditava no que estava a ouvir. Jack tinha conseguido cativar a atenção dos meus homens e estava a persuadi-los de mentiras!
- Se encontrarmos o ouro, ficamos com ele, até ao último tostão. - disse Richard.
- E se existirem índios? - perguntou Till.
- Tiramos-lhe o coração a sangue frio! - exclamou Richard completamente encantado com a ideia de se tornar rico.
- Cavalheiros! - gritei eu, continuando todos a falar - Atenção! - aí sim, todos se centraram em mim. - Não quero alimentar-vos as esperanças de que poderão ficar ricos. Há um mapa que diz exactamente a localização da cidade, mas isso não chega.
- Acreditem meus senhores, o ouro chama por nós. Porquê continuar à espera? - exclamou Jack persuadindo-os cada vez mais.
Aproximei-me de Jack e puxei-lhe o braço. - O que é que estás a fazer? - perguntei-lhe eu chegando quase ao meu ponto máximo de irritação.
- A dizer-lhes o que eles querem ouvir Jane! - respondeu-me.
- Jack, tu vais parar imediatamente com isso. - ordenei-lhe eu.
- Jane, sou pirata. - disse. - Estes homens só querem dinheiro. Achas que eles querem ir atrás da tua ideia de destruir o Black Diamond, se têm riqueza à frente?
- Tu prometeste-me que me irias ajudar a encontrar o Black Diamond! - exclamei eu.
- Jane. - disse-me, colocando as suas mãos na minha cintura. - Esquece essa fantasia.
Retirei violentamente as mãos dele na minha cintura. - Então, explica-me isto! - pedi-lhe agressivamente, mostrando-lhe o mapa. - Explica-me estas iniciais!
- Jane...
- Eu quero saber a verdade agora Jack! - gritei eu, mas baixei de seguida o meu tom de voz, para não ser o centro das atenções. - O El Dourado vai levar-me ao Black Diamond e tu sabias disso desde o início.
- És mais inteligente do que eu esperava Jane! - tentou elogiar-me Jack.
- Como é que conseguis-te o mapa Jack? - perguntei-lhe eu.
- Roubei-o, há uns anos. - respondeu-me directamente.
- E de quem era o mapa? - insisti eu.
- Roubei-o de um homem que estava podre de bêbado. - respondeu-me Jack. - Ele falou-me em El Dourado e eu quis chegar até lá, e roubei-lhe o mapa. - eu não estava a acreditar numa única palavra de Jack. - Jane, eu não quero que saias magoada.
- O quê? - perguntei-lhe.
- Esquece o Black Diamond. - pediu-me olhando-me nos olhos.
- Podes ter a certeza de que não o vou fazer Jack. - respondi-lhe eu. - Mais do que nunca eu quero acabar com ele.
- Terra à vista! - gritou um dos marujos.
- Jane! - exclamou o Sr. Thomas. - Chegámos a Port Royal.

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