Deixem a vossa marquinha *.*

domingo, 27 de junho de 2010

Capítulo 18 - Saudade

- Ai Jane admiro-te tanto! - exclamou Jack.
- Estás mesmo bêbado Jack! - afirmei eu.
- Já tinha saudades de me sentir assim...louco! - exclamou Jack levantando a garrafa de rum. - Jane Deverport, eu sou o Rei desta ilha.
- Definitivamente bêbado! - exclamei eu.
Como estava a ficar de noite decidi acender uma fogueira. Estava a arrefecer, e precisavamos de algo para nos aquecermos.
- Eu vou arranjar o jantar! - disse-me Jack.
- Ai sim? - perguntei. - E como é que o vais fazer?
- Sou um excelente pescador... - assentiu Jack levantando-se.
- Com essas tuas figuras, vais acabar por afugentar o jantar! - piquei-o eu.
Jack perdeu o equilíbrio e caiu sobre o areal. Eu não me consegui conter e comecei-me a rir imenso. Aproximei-me dele e ajudei-o a levantar-se.
- Foi uma pausa que tive de ter! - exclamou Jack.
- Tu tens consciência do que estás a fazer? - perguntei-lhe.
- Talvez... - respondeu-me, agarrando-me. - Mas para isto estou perfeitamente consciente. - Beijou-me, mas afastei-o imediatamente. - Desculpa Jane, tu ainda não estás bêbada o suficiente para te deixares levar... - disse irónicamente.
- Não me persuadas dessa maneira Jack. - aconselhie-o irónicamente. - Eu tenho perfeita consciência do que faço.
- Gosto disso em ti! - exclamou pegando novamente na sua garrafa - Rum?
- Não obrigada.


Duas horas depois a fogueira já estava bem acesa. Eu tinha esperança de que algum navio passasse por ali, mas era noite cerrada. Queria sair dali o mais depressa possível. Tinha o coração nas mãos só de imaginar que o Sr. Thomas podia estar ferido, ou até mesmo sem vida. Não podia perdê-lo. Perdi um pai e não iria suportar outro. Meu Deus, como eu sentia a falta do meu querido pai. O meu mundo ficou mais vazio quando ele partiu, e nunca o iria conseguir ocupar. Olhei para Jack. Estava a ressacar deitado de barriga para cima a dormir e com a garrafa de rum na mão esquerda.

Afastei-me da fogueira e de Jack e dirigi-me ao oceano. A noite não estava muito fria. Sentei-me junto à costa e admirei o oceano. Era lindo, infinito e indomável. Ao olhar para o oceano só me vinha a imagem do meu pai à cabeça. Era como se ele estivesse ali ao meu lado. Como se eu estivesse a ouvir a voz dele. Desejava que ele não desaparecesse, por isso continuei a olhar para o oceano. Enquanto o fizesse, o meu pai estaria ali, ao pé de mim. Um sentimento de saudade invadiu o meu coração e a minha alma.

A tua partida foi uma dor
Incurável no meu coração
Eras o meu navio,
O meu porto de abrigo
Aprendi a crescer contigo
Mas partiste cedo demais...
Antes de me ensinares a viver
Dava tudo para voltar a
Ouvir aquela tua voz grave e encantadora
Nunca estive preparada
Para te dizer adeus
E nunca o vou estar
E vou esperar que
De uma maneira ou de outra
Me ensines a viver...


Dei por mim a cantar para o oceano e Jack ao meu lado a ouvir.
- Sentes muita falta dele, não é? - perguntou-me.
- Ele nunca devia ter partido... - respondi eu.
- A vida não é justa Jane... - disse-me Jack dando-me a mão. - Anda, está tudo bem...
- Dá-me rum Jack! - pedi-lhe.
- Desculpa? - perguntou-me.
- Dá-me rum, já! - ordenei-lhe.
Não queria saber, estava ali naquela ilha e nem sabia se amanhã iria ficar ali ou sair dali, porque não aproveitar o resto da noite?

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