Deixem a vossa marquinha *.*

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Capítulo 6 - Regresso ao Mar

Todos os gritos, todo o suor, todas as lágrimas valeram a pena quando finalmente o meu bebé estava nos meus braços. Era simplesmente lindo. Mal o vi, reconheci traços físicos de Jack. Não conseguia parar de chorar, desejando com todas as minhas forças que Jack estivesse ao meu lado e pudesse segurar o seu pequenino, tal como eu o segurei. Nunca na vida pensei em formar uma família, o meu único objectivo era sobreviver, procurando aventuras, mas no fundo queria poder partilhar tudo isso com alguém. Jill lavou o meu bebé e enrolou-o numa manta quentinha feita pela minha mãe, e depois eu pude finalmente segurá-lo. Era perfeito. O seu nome? Robin Deverport.
Passava os dias inteiros a vê-lo dormir e a apreciar a sua beleza. Como era possível existir um bebé tão bonito e tão frágil. Ele estava deitado no berço que outrora fora meu e dormiu horas seguidas. O Sr. Thomas emocionou-se a primeira vez que o viu. Tanto que eu desejei que ambos os meus pais tivessem tido a mesma oportunidade que o Sr. Thomas teve. Segurar em Robin, acariciando a sua cabecinha frágil e sentir o seu cheiro. Passado um mês, ia todas as tardes mais o Robin para a praia, observar o Destiny.
- Um dia voltaremos para lá! - exclamei, aconchegando o meu tesouro para junto de mim. - Ele pode não estar aqui Robin, mas tenho esperança que um dia o conheças...
O meu filho começou a mostrar a sua independência assim que começou a andar. Queria ir para todo o lado e nem sempre me pedia para o seguir. Era mesmo parecido comigo e com Jack nesse aspecto, procurava aventura e coisas novas. Com o passar dos meses, Robin começou a ter a noção do perigo e do medo. Ensinei-o a nadar no rio que ficava junto de casa. Aos três anos falava com uma sabedoria invulgar e era dotado de uma perspicácia enorme. «Educámo-lo bem Jane!» dizia-me o Sr. Thomas. Levava Robin muitas vezes às campas dos meus pais e contava-lhe imensas histórias. O pequenino sempre as escutara com muita atenção.

Estava noite de lua cheia. Jamais na minha vida vou conseguir esquecer esta noite que mudou as nossas vidas! Robin adormecera na minha cama. Finalmente adormecera depois de um dia inteiro a brincar. Tentava adormecer, mas algo me dizia para não o fazer, para ficar a tomar conta dele. Levantei-me da cama e andei pelo quarto tentando libertar-me deste peso que me impedia de fechar os olhos. Observava a chama acesa da vela ao mesmo tempo que o quarto era iluminado pelo luar. De repente comecei a ouvir ruídos vindos de fora e observava um enorme clarão a aproximar-se. Exaltada, peguei em Robin e saí do quarto. Entrei no quarto de Lyeel e expliquei-lhe o que se passava. Ele tentou acalmar-me, fondo acordar o Sr. Thomas e Marcus. Robin acordou e começou a chorar. Acalmei-o, tentando eu própria manter a calma e cantei-lhe a canção pirata que o meu pai me ensinara.

Jill subira as escadas a correr a chorar num acto de desespero gritando «colónias», «guerra». Jill quando se encontrava assim, pronunciava termos africanos próprios dos povos nativos, os quais eu desconhecia. Lyeel agarrou-me no braço e tirou-me dali.
- Lyeel, eu não parto sem eles! - exclamei.
Um pau de madeira incendiado partiu uma das vidraças principais, incendiando as cortinas.
- É por isso que temos de sair daqui! - gritou Lyeel protegendo-me a mim e a Robin.
- A casa dos meus pais! - exclamei eu a chorar. O Sr. Thomas, Marcus e Jill desceram as escadas e dirigimo-nos todos para a cozinha. Protegia Robin do fumo que invadira a casa. Marcus e Lyeel foram à nossa frente, verificando que ninguém se encontrava na porta das trazeiras.
- Marcus leva a Jane, o Robin e a Jill para a praia. - ordenou Lyeel. - Eu e o Sr. Thomas vamos lá ter depois.
- Não! - exclamei. - Eu não consigo ver tudo o que os meus antepassados construíram a cair nas mãos de colonos! - lágrimas de raiva e frustração invadiram a minha face.
- Jane! - Lyeel agarrou-me. - Vais ter de votlar para o Destiny. Desta vez não tens escolha!
Olhei Lyeel nos olhos e assenti, pegando novamente em Robin e corremos para a praia. Felizmente nenhum dos colonos nos perseguiu. Tinhamos sorte de estar maré cheia, o que possibilitaria a nossa fuga. Ao chegarmos à praia, Jill segurou no meu pequeno e eu e Marcus subimos a bordo do Destiny preparando-o para a partida. Olhei para trás e uma nuvem de fumo estava a invadir a praia. As poucas casas vizinhas que ali se encontravam estavam também a arder. Marcus ajudou Jill e Robin a subir para o navio, enquanto eu tinha o coração nas mãos sem saber de Lyeel e de Sr. Thomas.
Robin chorava e tossia devido ao fumo. Abri a porta do meu camarote e deitei-no na minha rede. Jill acompanhou-me e ficou com Robin. Regressei ao Destiny e reparei que Lyeel e o Sr. Thomas corriam sobre o areal até ao Destiny. Minutos depois ambos se encontravam em segurança. O Sr. Thomas abraçou-me com força.
- Aqueles sacanas tiveram o que mereceram! - afirmou.
- Mas isso não trás a minha casa nem a minhas vida de volta! - disse agressivamente, chorando a seguir. - Sr. Thomas, o Robin não está seguro na terra, nem seguro no mar! O mais importante na minha vida é ele.
- Jane! - gritou o Sr. Thomas, fazendo-me parar de chorar. - O Robin está contigo, está a salvo. Não´há mais nada a fazer Jane, agora ele pertence ao navio.
- Ele sempre pertenceu Sr. Thomas. - esclareci. - Eu apenas quero a segurança dele.
- E vai estar seguro. - confortou-me o Sr. Thomas. - O mar agora é um lugar calmo e é um porto seguro.
Nessa noite, não houve ordens minhas em relação ao destino. Sobreviver era o essencial. Até encontrar um porto seguro para Robin não ia descansar, mas apenas deixei-me adormecer agarrada ao meu tesouro...

2 comentários:

  1. Awww...
    Finalmente o bebe nasceu !!!
    Ha mais de nove meses sem o Jack ...
    O que vem ai ??

    Rita @@

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  2. Rita, tens de esperar porque a aventura tão cedo não acaba!:)
    Obrigada por acompanhares:)

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