Deixem a vossa marquinha *.*

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Capítulo 5 - Vidas diferentes

[Narrado por Jack]
Passados dois dias estava novamente em forma e sentia-me muito melhor. A febre passou e recuperei depois de ter passado tanto tempo sem comer. Verdade seja dita que fui tratado como um rei nesta casa. E que casa! Assim que me vi livre da cama, fui explorar a zona onde me encontrava. Era uma casa demasiado grande para uma família de três, tirando os criados é claro. Sesha fazia-me companhia durante o dia. Claro que gostava de ter os meus momentos a sós e durante esse tempo pensava muito em Jane. Queria ter a certeza se estava viva e de saúde. Certamente estava melhor sem mim. Só lhe traria mais sofrimento e desilusão e senti-me bem onde estava. Numa ilha em construção, onde fui bem recebido por todos. Sentia-me em paz, e desejei que pudesse um dia chamar lar a esta ilha.
O pai de Sesha, o Capitão Joseph, regressara a casa depois de uma longa jornada em alto mar. Assim que chegou ao porto, Sesha correu para os seus braços e segredou-lhe aos ouvidos sobre mim. Achei uma atitude mimada por parte dela, esboçando um sorriso de como se eu tratasse de um prémio seu. Joseph preferiu esboçar o seu sorriso simpático horas depois de me ter conhecido. Estávamos sentados no grande salão, iluminados pela luz vinda da lareira.
- Diz-me Jack, de que navio vieste? - perguntou-me.
- Destiny... - respondi-lhe pensando se seria o mais correcto dizer-lhe a verdade.
- Há meses que não tenho notícias do paradeiro desse navio. - afirmou Joseph coçando a barba. - Ouvi rumores de que o Capitão Robert Deverport tinha falecido em alto mar.
Ao ouvir o nome do pai de Jane tomei mais atenção. Seria possível que Joseph conhecesse Jane?
- Fora um bom homem... - disse eu.
- Em tempos fizemos parte da mesma tripulação. - contou. - Mas depois tomámos caminhos diferentes. Apesar de ingressarmos ambos na marinha real africana, cada um seguiu o seu caminho. - Joseph fez uma pausa para acender o seu cachimbo. - Ele casou e ouvi dizer que teve uma filha, e eu acabei por constituir familia também. - Joseph conhecia Jane. Estranha coincidência, mas acreditei que nunca imaginara que Joseph tivesse conhecimento do rumo que a vida de Jane tomou após a morte do pai, mas esse seria um capítulo que seria enterrado comigo, o mesmo se aplicaria à minha vida inteira. Podia correr o risco de ser enforcado nesta mesma ilha ou ser mandado para o exílio.
Sesha entrou no salão e foi a correr para junto do pai colocando-se sobre os ombros deste. - Papá deixe o Jack descansar. - pediu. - Tem muito tempo para lhe contar as suas aventuras em alto mar e a capturar piratas e tirar-lhes a vida.
- Este rapaz se ingressar na marinha real é o que ele vai fazer da vida! - exclamou. - Nada melhor que servir Inglaterra! Em troca as nossas ilhas estão protegidas. - informou. - A era da pirataria tem os dias contados. Esses diabos de alma serão todos punidos e enforcados. - as palavras do pai de Sesha assustavam-me cada vez mais. Era um risco de morte estar na mesma casa que ele. Só vi duas soluções para a minha vida. Ou levava o resto dos meus dias a fugir, ou ingressava de facto marinha real, e dias depois tomei a minha decisão.

***

[Narrado por Jane]

Adorava ver o pôr-do-sol junto ao rio. Há semanas que o fazia. Durante toda a minha vida falava da beleza natural da minha terra, mas nunca a vira por completo. Ver o sol a reflectir-se por cima das árvores era deslumbrante. Qualquer um que amasse África como eu amava iria sentir o mesmo. A minha barriga crescia a cada semana que passava. Era a minha rotina vir todos os dias ao pôr-do-sol sentar-me sobre a terra e molhar os pés. Queria que o meu bebé estivesse a ambientar-se a este ambiente, pois tencionava ficar por cá durante anos, e vê-lo crescer como os meus pais, o Sr. Thomas e Jill me viram. Ele iria ter uma família. Segundo Jill faltavam apenas dois meses para o bebé nascer. Começava a ficar anciosa. Era uma sensação nova para mim, iria ter uma vida nas minhas mãos, mas felizmente já não me sentia sozinha. Tinha as melhores pessoas do mundo a ajudarem-me e do meu lado.
Assim que a luz do sol se pôs voltei para casa. O Sr. Thomas e Lyeel estavam no salão. Estranhei a ausência de Jill, pois esta sempre esperara por mim.
- Onde está a Jill? - perguntei.
- Saiu ao início da tarde e ainda não voltou. - respondeu-me o Sr. Thomas.
Antes que eu pudesse responder Jill entrou sobressaltada na sala, mas assim que reparou na minha presença tentou mudar de atitude.
- Que aconteceu Jill? - perguntei.
- Nada de mais. - respondeu-me bastante nervosa.
- Jill! - exclamei. - Exigo que me contes o que é que se passa. - pedi-lhe.
- Eu não queria dizer-lhe, devido ao seu estado menina. - começou por dizer, soluçando. - Mas ouvi rumores de que as colónias vizinhas preparam uma revolução.
O Sr. Thomas e Lyeel aproximaram-se de mim.
- Uma revolução? - perguntei-lhe.
- A nossa é das poucas colónias independentes, e receio que a revolução chegue aqui...
- Acalme-se Jill! - pediu o Sr. Thomas tranquilizando-a. - Não corremos perigo nenhum aqui.
Se corríamos perigo ou não eu não tinha a certeza. A minh única certeza era de que tinha de proteger o meu filho de tudo no mundo.

2 comentários:

  1. vai haver guerra!! estão giros os textos...vamos ver se Jack nao se apaixona pela rapariga da casa onde está :b

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  2. Jack ainda não esquecera Jane, aliás ele próprio fez uma promessa como foi referido no capítulo anterior.
    Obrigada por acompanhares:)

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