Deixem a vossa marquinha *.*

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Capítulo 25 - Regresso ao passado

- Jack aceitou entregar-te, e voltou a juntar-se a mim de boa vontade. - explicou Black Diamond. - Mas ele não fazia a menor ideia que acabaria por se apaixonar pela sua presa, não foi Jack? - perguntou Black Diamond com um olhar de escárnio para Jack, que entretanto fora amarrado e feito prisioneiro como eu. - Conquistou a tua confiança, o que não deve ter sido fácil... - por cada palavra proferida por Black Diamond o meu nojo por eles os dois ia aumentando.
- Eu quero a minha liberdade Black Diamond! - exclamou Jack. - Já tens o que queres, agora deixa-me ir! - Jack poderia estar a falar a verdade, comportando-se como se eu fosse indiferente para ele, mas durante os meses que navegámos juntos, entendi que ele poderia estar a fazer bluff, mas nada me garantia. Jack não era a pessoa que eu pensei que fosse, e não teria mais a minha confiança.
- Eu bem devia ter-te enfiado uma bala no meio desses olhos quando tive oportunidade! - exclamei.
- Jane eu quero que me oiças! - pediu Jack.
- Nada do que me digas me interessa! - expliquei-lhe agressivamente. - Tu para mim deixaste de existir!
As minhas palavras magoaram Jack e foi essa a minha intenção. Eu queria magoá-lo tanto como ele me magoou a mim.
- Jack, não arranjas-te uma mulher fácil! - ironizou Black Diamond, aproximando-se de mim.
- Tira as mãos de cima dela! - ordenou Jack.
- Seria uma pena desperdiçá-la...que dizes de eu ficar com ela só para mim? - perguntou.
- Eu prefiro morrer a ficar contigo! - exclamei.
Black Diamond agarrou-me o pescoço com muita força. - Que fique bem claro Jane, agora és minha! E não tens o teu paizinho aqui para te salvar como da outra vez!
- O quê? - perguntei.
- Tivémos um pequeno e agradável encontro há muitos anos Jane... - contou Black Diamond.


(Narrado por Black Diamond)
- Capitão podemos desembarcar! - avisou-me um membro da minha tripulação.
- Está bem idiota, avisa os outros para se prepararem! - exclamei.
Numa questão de minutos encontrávamo-nos todos dentro do bote em direcção à costa africana. O meu inimigo Robert Deverport iria receber a minha agradável visita. Cocei as minhas barbas e peguei na minha luneta. Avistava a praia. Uma mulher e uma criança chapinhavam na água, mas preparavam-se para sair. Com a brincadeira toda nem deram pela presença do meu navio, o Deathnort.
Desembarcámos na praia e caminhámos em direcção ao centro da vila. Era uma zona de África bastante calma e por isso não poderíamos deixar suspeitas de que éramos piratas. Era pleno fim do dia, e era a hora de descanso da marinha real.
Caminhámos pelo bosque até que avistámos a casa de Robert Deverport. A mulher e a criança pertenciam à sua família. Pensei logo que fossem a sua mulher e a sua filha.
A mulher deixou por instantes a filha sentada no pântano enquanto fora lá dentro.
- Ordens capitão? - perguntaram-me.
- Fiquem de vigia, os outros sabem o que têm de fazer! - ordenei. Aproximei-me daquela criança inocente e com um sorriso estampado na cara. Era uma pérola autÊntica. Com a pele queimada do sol e cabelos compridos e escuros. Estava com uma camisa meio rasgada a saltava por cima das ervas do pântano. Quando se virou e me viu, parou. Ficou assutada com a minha presença. - Olá!
- Olá... - disse-me.
- Como é que te chamas morenita? - perguntei-lhe metendo-me com ela, mas ela não parecia mostrar muita confiança.
- Eu não posso falar com estranhos... - disse-me. Como é que uma criança daquele tamanho tinha noção disso?
- Mas é só dizeres-me o teu nome... - pedi-lhe atenciosamente.
A criança lançou-me um olhar estranho mas ganhou confiança e pouco e pouco. - Jane...
- Tens um lindo nome, Jane! - exclamei. Ela voltou a sentar-se e arrancou as ervas mais próximas de si. - O que queres ser quando fores crescida? - Ela olhou para mim com um ar desconfiado. - Gostas do mar? - Ela acenou imediato com a cabeça. - Óptimo...e de barcos? Gostas de barcos?
- O meu pai tem um! - exclamou levantando-se com entusiasmo. - E eu gosto dele.
- Sabes o que é um pirata? - perguntei-lhe.
- Não. - respondeu-me.
- É alguém que tem um barco só para si, que pode navegar nos mares para sempre sem que ninguém lhe diga "não"!
- Eu quero ser pirata! - exclamou Jane.
- E vais ser Jane, eu prometo-te! - disse-lhe.



- Vou contar ao meu pai! - exclamou, preparando-se para correr, mas eu impedi-a.
- Agora não Jane! - exclamei mudando o meu tom de voz.
- Eu quero ir ter com o meu pai agora! - gritou a criança determinada começando a correr. Corri atrás dela e impedi-a novamente. Desta vez agarrei-a com força para não a deixar escapar. Ela gritou ainda mais e começou a chorar pelo pai.
Robert Deverport reconheceu os gritos e saiu num ápice do seu escritório para acudir a filha. Nem queria acreditar que eu tinha a vida mais importante para ele nas minhas mãos. - Liberta a minha filha Black Diamond! - gritou ordenando.
- A tua filha pode magoar-se Robert. - disse-lhe. - E tu não ias aguentar se ela se magoasse, pois não?
- O que queres em troca pela vida da Jane? - perguntou-me.
Nesse momento a mãe de Jane veio ao nosso encontro - Jane!
- Quero a tua morte Robert! - exclamou Black Diamond. - Sntes a tua que a dela, não é?
- Larga a minha filha, já!
Retirei a minha arma e apontei à cabeça da criança, mas senti uma outra arma apontada para mim. Ao virar-me, Jane bateu no meu braço e eu acabei por deixar cair a arma e largar Jane.
A mãe agarrou a filha e Robert pegou na arma e apontou-a para mim.
- Obrigada Thomas!
- Que destino vai ter este homem Robert? - perguntou-lhe.
- O que merece!
No momento em que se preparavam para me matar, houve uma explosão e graças ao fumo consegui fugir. Tinha conseguido metade do que queria. Não tirei a vida a Robert, mas ameacei a mais importante para ele.



Quando Black Diamond concluiu, lembrei-me vagamente desse episódio da minha vida. Toda aquela fascinação por ser pirata quase que me tirou a vida. O meu pai e o Sr. Thomas salvaram-me, e desta vez eu não tinha o meu pai e o Sr. Thomas estava nas celas do navio.
- Precisas de pensar, não é Jane? - perguntou-me irónicamente. - Por seres uma senhora, tens o privilégio de ficar numa cela sozinha!
- Deixem o Jack noutra cela sozinho. - ordenou. - Se o colocarem ao pé dos outros acaba morto, e eu ainda preciso de ele vivo!
Os piratas levantaram-me e dirigiram-se comigo às celas.
- Ah e Jane, esta será a última noite que passarás na cela, as outras vais passá-las comigo no meu camarote. - avisou-me Black Diamond.
Com a repugnância e o nojo que eu tinha dele nem lhe respondi. Precisava urgentemente de um plano para escapar disto com vida.

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