O Destiny navegava sobre as águas pacíficas do atlântico. Estranhamente pacíficas, uma vez que a marinha real começava a sua época de ouro. A pirataria estava em risco e quem fosse apanhado enfrentaria a forca. O meu plano era aportar em Londres e começar de novo. Mas quem sou eu para idealizar planos se eles acabam por se realizar de outra forma? O meu navio não hasteava uma bandeira pirata, nem tanto uma bandeira da marinha real. Segundo Marcus estavamos no lado neutro. Como se fossemos uma simples família a navegar sobre os sete mares para trocar especiarias entre países.
Há meses aportamos numa pequena cidade junto à costa africana norte. Uma zona não muito segura, na qual civilizações estavam ainda em construção, daí o termo de "pequena cidade". Tal como nós, alguém estava a começardo zero, a diferença é que todos aqueles homens, mulheres e crianças, tinham o seu destino traçado num papel, numa assinatura que os tornava de alguém. Lyeel e eu consaeguimos trocar alguns objectos de valor por mantimentos que nos favorecessem condições para algum tempo. Nesse momento reavaliei a minha posição. Em relação a todos aqueles escravos eu era livre. O meu filho era livre, podia sorrir e gritar sem que estivesse acorrentado. Por isso, o melhor sítio que poderíamos estar era sem dúvida a bordo do Destiny...
[Narrado por Jack]
Melhores dias vieram. Passados anos eu era marinheiro servidor da marinha real africana, aliada à marinha real inglesa. O pai de Sesha considerou-me um potêncial "servidor dos mares", como mencionava frequentemente. Estranhamente, conquistei a confiança de um homem do que era habitual. Devo revelar que não usei nehuma das minhas técnicas de engate em relação a Sesha.Simplesmente rendeu-se aos meus encantos. Passados três anos, organizei a minha vida e decidi agarrar com força esta oportunidade que me salvaria da forca, tendo protecção e abrigo em casa de Sesha, que recentemente se tornara minha noiva.

Servir a marinha real não era somente navegar pelos mares em busca e piratas ou tiranos. Havia que proteger a cidade e a população de possíveis guerras. Certo dia, coube-me a mim tratar de registos no escritório. Analisei sentenças de homens associados à pirataria que seriam enforcados brevemente. Casos como eu, homens que se dedicaram à arte do roubo nos mares e que pagariam por isso.
- Jack?
- Sim, meu comandante? - perguntei.
- Estão aqui alguns registos que preciso que entregues ao capitão. São antigos, mas ele saberá o que fazer com eles. - ordenou-me o meu superior, de nome Charles Castro.
O papel estava empoeirado e a caligrafia era quase imperceptível. Levantei-me da cadeira, peguei nos registos e dirigi-me até ao porto, onde se encontrava o capitão Joseph. Pelo caminho folheie-os não por curiosidade de os ler, mas sim por ter a oportunidade de tocar naquela espécie de pergaminho tão usual da marinha. De repente fui contra um comerciante e deixei-os cair no chão. Ao apanhá-los reparei num nome que não me era estranho. A caligafia era de um comandante da marinha de nome Robert Deverport. Era uma sentença de morte contra alguém. Antes de ler o que quer que fosse, o meu único pensamento era dirigido a Jane. Robert Deverport era pai de Jane. De uma forma súbita, a ligação entre Robert Deverport e o pai de Sesha fez-me sentido. Faltava-me perceber a quem pertencia a sentença de morte, registada e assinada por Robert Deverport. Antes que pudesse ler alguma coisa, fui visto por Joseph que o chamou.
- Capitão! - cumprimentou Jack. - O tenente Castro pediu-me que lhe entregasse isto.
- Obrigada Jack. - respondeu-me. - Podes ir agora para casa, o sol já se está a pôr.
Uma curiosidade inexplicável estava a apoderar-se de mim, e queria ter um conhecimento abrangente sobre o pai de Jane. E não iria descansar até matar esta minha curiosidade. Resolvi esperar até que todos regressassem a casa para ir remexer nos artigos. Sabia onde o capitão guardava todos os registos dos condenados e comecei por aí. Coloquei a vela acessa em cima da secretária e abri o armário onde todas as informações da cidade estavam guardadas. Sabia que os registos que eu trouxera foram os últimos a serem arquivados. Depois de procurar anciosamente, descobri a sentença de morte assinada e autorizada por Robert Deverport. Peguei na vela para que conseguisse desdobrar o que estava escrito e ao ler o nome do condenado a vela escorregou-me das mãos e apagou-se...